Documento vazado pelo site Wikileaks revela que, quatro após ter a venda de aviões Super Tucanos da Embraer à Venezuela vetada pelos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuou a pressionar Washington para reverter a decisão. Os aviões de treinamento militar têm tecnologia norte-americana e a comercialização depende de aprovação por questões de transferência de tecnologia.
Em 2006, quando o presidente venezuelano, Hugo Chávez, denunciou que os EUA estavam ameaçando o Brasil para que não negociasse os aviões com a Venezuela, o governo norte-americano declarou que estava exercendo sua prerrogativa em relação à Lei de Controle de Exportação de Armamentos dos EUA. Essa lei exige licença específica para a exportação de equipamentos com tecnologia norte-americana.
Conforme noticiado pelo jornal O Globo, que teve acesso ao documento, em encontro de despedida do embaixador Clifford Sobel em Brasília, no ano passado, Lula reclamou que, enquanto os EUA facilitaram a venda de aviões na América do Sul para a Rússia e a China, desfavoreciam o Brasil.
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Em 2008, a venda de 25 aviões de combate tático Super Tucano, encomendados pela Força Aérea Colombiana (FAC), usados no combate a guerrilhas, foi aprovado sem qualquer impedimento pelos EUA.
“Lula contou-me que sua visão é a de que o Brasil torne-se a quinta maior economia do mundo em uma década. O presidente da França, (Nicolas) Sarkozy, compreende isso, ele disse, e ofereceu construir seus caças no Brasil. Em oposição a isso, os EUA se recusam a permitir que o Brasil venda os Super Tucanos à Venezuela, abrindo a porta à influência externa, China e Rússia, aqui”, escreveu o embaixador ao Departamento de Estado americano, em 31 de julho de 2009.
Rafale
De fato, outro documento vazado pelo Wikileaks revela que o governo brasileiro tem preferência pela compra dos caças franceses Rafale. O jornal francês Le Monde mostrou despacho mostrando que o Brasil quer adquirir a
tecnologia para fabricá-los em seu solo para exportação a outros países
sul-americanos até 2030.
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“Quando (o presidente) Lula se queixou com (o presidente francês Nicolas) Sarkozy sobre o ´preço absurdo´ dos Rafale, US$ 80 milhões cada um, o presidente francês enviou a ele, segundo fontes do Ministério das Relações Exteriores, uma carta pessoal enfatizando que a França estaria disposta a proceder a uma ´transferência sem restrições´ das informações tecnológicas”, informou o jornal citando os EUA.
Ontem (07/12), o presidente Lula afirmou que não vai decidir sobre um contrato orçado inicialmente em mais de US$ 12 bilhões sozinho e sim com a participação da presidente eleita, Dilma Roussef.
Segundo o presidente, o relatório técnico sobre as propostas das três empresas que participam da concorrência – a francesa Dassault, que é a favorita, a sueca Saab e a norte-americana Boeing – deve ser concluído nos próximos dias.
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