Atualizada em 20/03/2018 às 10:10
O governo soviético anuncia em 20 de março de 1953 que Nikita Kruchev havia sido escolhido como um dos cinco membros do novo Secretariado do Partido Comunista. A indicação de Kruchev foi um crucial primeiro passo para sua ascensão ao poder na União Soviética, uma progressão que culminaria com sua nomeação para secretário-geral do Partido em setembro de 1953 e primeiro ministro em 1958.
A morte de Joseph Stalin em 5 de março de 1953 criou um tremendo vácuo na liderança soviética. Stalin governava a União Soviética desde o falecimento de Lenin em 1923. Com o seu passamento, o herdeiro natural seria Georgi Malenkov, que foi nomeado primeiro-ministro e secretário-geral do Partido Comunista no dia seguinte da morte de Stalin.
Esta transição aparentemente tranquila, no entanto, mascarou uma crescente disputa pelo poder entre Malenkov e Nikita Kruchev. Kruchev era membro ativo e destacado do Partido Bolchevique desde que a ele se filiou em 1918. Após Stalin ter assumido o controle do poder na União Soviética, Kruchev se tornou um seguidor absolutamente leal do líder do Kremlin. Esta lealdade lhe serviu muito bem, pois foi um daqueles antigos bolcheviques que se mantiveram fieis a sua liderança, passando ao largo dos expurgos dos anos 1930.
Nos anos 1940 Kruchev assumiu uma série de importantes posições no governo do país, sendo o comissário político do Exército Vermelho durante a Batalha de Stalingrado. Já, quando Stalin morreu em março de 1953, Kruchev foi deixado para trás em favor de Malenkov.
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O futuro secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética Kruchev com Josef Stalin em 1936
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Não demorou muito, porém, para que Kruchev passasse à dianteira do pouco brilhante Malenkov. Primeiro, organizou uma coalizão de políticos soviéticos para forçar Malenkov a renunciar ao posto de secretário-geral, o mais importante dos postos, de vez que controlava o aparelho partidário em toda a União Soviética. Malenkov publicamente declarou que abandonava a posição para estimular a divisão das responsabilidades políticas, mas era óbvio que Kruchev conquistara uma crucial vitória.
Para substituir Malenkov, o partido anunciou a criação de uma nova instituição, um secretariado composto de cinco pessoas. Os jornalistas notaram, no entanto, que quando se citava o nome de seus membros, o de Kruchev aparecia em primeiro lugar e os demais em ordem alfabética.
Cedo ficou evidente que Kruchev era a força-motriz do Secretariado. Em setembro de 1953, garantiu suficiente apoio para ser nomeado secretário do Partido Comunista. Em fevereiro de 1955, ele e seus defensores tiraram de Malenkov o cargo de primeiro ministro, substituindo-o por uma figura considerada dependente politicamente de Kruchev, Nikolai Bulganin. Em março de 1958, Kruchev consolidava seu poder, assumindo ele próprio o posto de primeiro ministro.
O Secretário de Estado dos Estados Unidos no governo Eisenhower, John Foster Dulles, subestimou incorretamente o novo governante soviético. Inicialmente, considerou-o como um lacaio de Malenkov, mas logo tomou consciência que o franco e pouco sofisticado Kruchev era uma força a ser levada em conta entre os políticos soviéticos. A despeito da preocupação suscitada em círculos governamentais do Ocidente, a ascensão de Kruchev ao poder deu início a um período em que as tensões entre a União Soviética e os Estados Unidos começaram a diminuir ligeiramente, quando Moscou anunciou a política de “coexistência pacífica” entre as duas superpotências.