Atualizado em 07/02/2018 às 14:54
Na madrugada do dia 13 de fevereiro de 1945, a cidade de Dresden sofre o mais brutal bombardeio aéreo da Segunda Guerra Mundial. O ataque só não foi mais agressivo do que os conduzidos por aviões britânicos e norte-americanos sobre Tóquio, Hiroshima e Nagasaki.
A cidade era considerada um centro de comando vital para a defesa da Alemanha contra as forças soviéticas que se aproximavam pelo leste. Era também o núcleo de uma rede ferroviária que ligava o leste e o sul do país com Berlim, Praga e Viena.
800 aviões da RAF (Royal Air Force) lançaram 600 mil bombas incendiárias e 16 toneladas de explosivos de grande potência. Mais além, em meio a pouquíssimo fogo anti-aéreo, também foram disparadas centenas de bombas de oito toneladas.
Tão logo uma parte da cidade ficou em chamas, os bombardeiros alvejaram outra região. Em pouco tempo, toda a cidade ficou em cinzas. O mesmo número de bombardeiros voou até Chemnitz, sudoeste de Dresden, para atacar ferrovias e fábricas. Uma grande ponte rodoviária que cortava o Reno foi destruída.
O jornal The Times contabilizou a perda de 19 aviões, 98 locomotivas e 185 vagões germânicos. A RAF atacou também refinarias de petróleo em Nuremberg, Bonn e Dortmund.
Wikicommons
Cidade de Dresden após o bombardeio britânico
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A operação era de tal proporção que Churchill, responsável pelo Comando Bombardeiro, tentou dissociar-se dela. Em 28 de março, enviou um memorando ao Estado Maior, denunciando o bombardeio de cidades como “meros atos de terror e destruição gratuitos”.
Entretanto, desde o começo do conflito, o primeiro-ministro britânico confiou ao comando da RAF a missão de destruir os lugares estratégicos do inimigo. Queria, dessa maneira, elevar a moral de seus concidadãos, duramente afetada pelos ataques aéreos sobre as cidades inglesas.
O Comando Bombardeiro havia lançado ataques apenas sobre locais estratégicos, isto é, zonas industriais e nós ferroviários e rodoviários. Esses ataques dirigidos se revelavam cada vez mais custosos e ineficazes.
O primeiro-ministro nomeia então o general Arthur Harris para a chefia do comando e, em fevereiro de 1945, autoriza o bombardeio maciço às zonas urbanas. Churchill esperava logo de início levantar a população alemã contra Hitler.
Seria lançado um total de 1,35 milhão de toneladas de bombas sobre a Alemanha pelos anglo-saxões. Um relatório norte-americano estimou em 305 mil o número de mortos e em 780 mil os feridos.
Dresden marcou o paroxismo dessa estratégia. A antiga capital do reino da Saxônia era conhecida como a “Florença do Elba” em razão de suas riquezas artísticas e culturais. Nas últimas semanas da guerra, o afluxo de refugiados elevou sua população de 600 mil a um milhão de habitantes.
O bombardeio de 13 e 14 de fevereiro sobreveio mesmo quando esses refugiados tentavam se esconder dos horrores e do caos terrível da guerra.
No total, em quinze horas, sete mil toneladas de bombas incendiárias caem sobre Dresden, destruindo mais da metade das habitações e um quarto das zonas industriais.
Uma grande parte da cidade ficou reduzida a cinzas, bem como cerca de 35 mil pessoas. Apenas 25 mil seriam identificadas. Muitas das vítimas desapareceram como fumaça sob o efeito de uma temperatura frequentemente superior aos 1000°C.
A estimativa atual de 35 mil mortos é resultado de um trabalho de uma comissão de historiadores nomeada pela cidade de Dresden. O pesquisador alemão Jörg Friedrich, que não era tendencioso em favor dos Aliados, estimou em 40 mil o número de mortos em seu Der Brand (O incêndio).