Atualizada em 21/03/2018 às 11:30
No dia 22 de março de 1832, morre em Weimar o poeta, romancista, dramaturgo, teórico da arte e estadista Johann Wolfgang von Goethe.
Autor de obra prolífica, sua ênfase enciclopédica o vincularia a dois movimentos literários: o Sturm und Drang que compartilhou com Friedrich Schiller e o Clacissismo de Weimar.
Goethe é considerado a maior personalidade da literatura alemã – seu maior poeta, dramaturgo, romancista e ensaísta. Dizia que seus poemas e textos eram “ocasionais”, ou seja, ligados aos acontecimentos da vida e a experiências pessoais. Acreditava que não era possível separar obra e a vida.
Nasceu em Frankfurt em 28 de agosto de 1749 numa família de artesãos originários da Turíngia. Seu pai, Johann Caspar Goethe e a mãe, Catharina Goethe, tiveram numerosos filhos, mas somente Johann e Cornélia sobreviveram.
Sua rigorosa educação humanista consistia no aprendizado de idiomas e na prática de esportes como a equitação e a esgrima. A relação que mantinha com o pai era conflituosa, uma vez que Goethe não tinha uma natureza jovial. Com o tempo, de briguento passou a ser um rapaz exemplar, que aprendia tudo com facilidade. Se apaixonou pelo desenho ao mesmo tempo com que demonstrou dificuldades com a música.
Depois de recuperar-se de uma grave doença, matriculou-se em 1770 na Universidade de Estrasburgo. Lá conheceu Herder, o grande crítico pré-romântico que o iniciou na leitura de Shakespeare e lhe sugeriu passeios pela Alsácia a fim de colecionar canções populares.
A catedral gótica de Estrasburgo despertou nele o interesse pela Idade Média alemã. Foi nesse momento que surgiu a idéia de escrever Fausto. Em 1772, apaixonou-se por Charlotte Buff, noiva de um amigo íntimo que o colocaria em conflito terrível. Atormentado, escreveu Götz von Berlichingen (O Cavaleiro da Mão de Ferro), uma tragédia shakespeariana que glorificava a época das lutas do tempo da Reforma.
A forte paixão por Charlotte renderia outra obra, Os sofrimentos do jovem Werther. Uma obra original, de permanente atualidade psicológica, cheia de sentimentalismo pré-romântico.
O romance obteve imenso sucesso e foi traduzido para inúmeros idiomas. O jovem autor transformou-se em personalidade de renome internacional e foi convidado a morar em Weimar, aonde receberia um título da nobreza e seria nomeado ministro.
As relações de Goethe com Charlotte von Stein, sua nova amante, inspiraram-lhe uma nova série de poesias líricas: grandes odes em versos livres, manifestações de um idealismo estético e moral e graves meditações em estilo hermético. São as mais belas poesias líricas da literatura alemã.
Sentindo necessidade de se afastar do pré-romantismo, pela contemplação das obras de arte da antiguidade clássica, Goethe viaja em 1786 para a Itália, onde ficou até 1788. Seus estudos de arte o tornaram um classicista ortodoxo. “Itália, Itália! Paris será minha escola, Roma minha universidade. É, na verdade, uma universidade. Quem a viu, viu tudo”.
De volta a Weimar, Goethe publicou Fausto e põe fim à fase pré-romântica de sua carreira. A tragédia Torquato Tasso (1790) resume suas experiências na corte. É a renúncia ao idealismo poético e a adoção de uma atitude realista ante as exigências da vida. Goethe torna-se realista.
Assume, então, a direção do teatro de Weimar, criando um repertório em que predomina Shakespeare. Dedica-se cada vez mais às ciências naturais, sobretudo à botânica e à óptica.
NULL
NULL
A Revolução Francesa ameaçava destruir os fundamentos de sua existência aristocrática de cidadão culto. Tomando conhecimento em 1792 da primeira derrota dos exércitos monárquicos em combate com os revolucionários franceses em Valmy, conclui que “começa uma nova época da história universal”.
Em 1794, começam as relações de amizade com Schiller. Lê as obras de Kant. Aprofunda filosoficamente seu classicismo. É desse período a obra Os anos de aprendizagem de Wilhelm Meister, romance de um jovem poeta que se torna realista amadurecido.
Em 1805, escreve, em prosa clássica, Winckelmann e seu Século, espécie de manifesto do classicismo. Em 1808, publica a versão definitiva de Fausto: as meditações metafísicas do personagem formam um dos mais profundos poemas filosóficos da literatura universal.
Acreditava ter encerrado sua carreira literária quando a paixão pela linda Marianne von Willemer inspirou O divã ocidental-oriental, volume de poesias eróticas e filosóficas cheias de paixão violenta e de anticristianismo.
Na velhice, Goethe dedica-se à tentativa de encontrar a continuação do Fausto e a elaboração do romance Anos de viagens de Wilhelm Meisters.
São os anos em que Goethe conversa diariamente, sobre todos os assuntos possíveis, com seu secretário, Johann Peter Eckermann, que publicou em 1837 suas notas, Conversações com Goethe.
A calma desses últimos anos foi perturbada pela repentina paixão erótica do homem de 70 anos pela jovem Ulrike von Levetzow. A resignação inevitável produziu o comovente poema Elegia de Marienbad. Goethe dedicou o resto de sua vida à elaboração da segunda parte do Fausto, concluída em 1830 e publicada postumamente.