Atualizado em 13/06/2018 às 17h58
Em 14 de junho de 1873, sob o sol escaldante do verão mediterrâneo, Heinrich Schliemann já contabilizava 8.700 objetos retirados daquelas escavações, além de outros 16 mil objetos destruídos, necessitando identificação. Neste dia, emocionado, o arqueólogo diria: “Finalmente encontramos o local da Guerra de Troia.”
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Até a segunda metade do século 18, a cidade de Troia não passava de uma lenda supostamente criada por Homero e relatada num poema com base na tradição oral.
Schliemann era um sonhador que se apaixonara pela narrativa de Troia durante a infância. Encontrá-la passou a ser sua grande obsessão, ainda que tentassem demovê-lo da ideia de procurar o presumível lar de Príamo.
O garoto não se conformava que nenhum vestígio da cidade de Troia fora até então encontrado, o que remetia à famosa batalha entre gregos e troianos para o campo das lendas e dos mitos. Nada havia, histórica ou cientificamente, que comprovasse a existência real daquele episódio.
Heinrich, por necessidade, parou de estudar aos 14 anos e foi trabalhar numa loja de secos e molhados. Um dia, um bêbado entra na loja e começa, entre soluços, a declamar estranhos versos. Quando lhe dizem que são versos da Ilíada de Homero, paga ao ébrio alguns goles a mais para que os repita.
Demonstra então uma incrível facilidade no aprendizado de línguas. Em pouco tempo, domina o inglês, francês, holandês, italiano, espanhol, russo e português.
Um novo objetivo nasce na imaginação de Schliemann: achar os restos da cidade de Micenas, o rico reino de Pelópidas. Como sempre, foi buscar orientação nas obras clássicas de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes e nos relatos de viagens de Pausânias. Outros haviam tentado em vão o mesmo caminho, fracasso atribuído por Schliemann a traduções incorretas dos textos clássicos.
Aos 46 anos, já homem de muitas posses e realizado profissionalmente, resolve abandonar tudo e dedicar-se integralmente à realização de seu sonho de infância. Em 1868 parte para Ítaca, a ilha onde nascera Ulisses, o herói mitológico da Odisséia de Homero.
De acordo com a mitologia grega, os troianos eram os antigos cidadãos de Troia na Anatólia (atual Turquia). Troia era conhecida por seus vultosos ingressos decorrentes do comércio da região, produção de ferro e guardada por grossas muralhas.
A dinastia troiana nasce de Electra e Zeus, os pais de Dardano. Dardano chegou à Arcádia, atravessou a Ásia Menor desde a Ilha de Samotrácia, onde se encontra com Teucro, que era também um colonizador vindo de Ática. Dão-se bem, a ponto de Dardano desposar as filhas de Teucro, e funda a Dardânia. Com a morte de Dardano, o reino assumido por seu neto Tros, que chamou seus habitantes de troianos e a terra de Trôade. Ilus, filho de Tros, funda a cidade de Ilion (Troia). Zeus doou a Ilus o palácio. Posídon e Apolo construíram as muralhas e fortificações ao redor de Tróia para Laomedonte, filho mais velho de Ilus. Quando Laomedonte recusa-se a pagar, Posídon inunda a terra e exige o sacrifício de Hesíone por um monstro marinho.
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Na lendária cidade de Tróia foi onde ocorreu a famosa Guerra de Tróia, descrita na Ilíada, um dos poemas de Homero. O episódio mais marcante foi o Cavalo de Troia: um grande cavalo de madeira usado pelos gregos como um estratagema decisivo para a conquista da cidade fortificada. Tomado pelos troianos como um símbolo de sua vitória, foi carregado para dentro das muralhas, sem saberem que em seu interior se ocultava o inimigo. À noite, guerreiros saem do cavalo, dominam as sentinelas e possibilitam a entrada do exército grego, levando a cidade à ruína. A história da guerra foi contada primeiro na Ilíada, mas ali o cavalo não é mencionado, só aparecendo brevemente na Odisseia, que narra a acidentada viagem de Odisseu de volta para casa. O cavalo é considerado em geral uma criação lendária, mas não é impossível que tenha realmente existido.
Lendo os poemas de Homero, Schliemann se convence da existência real de Troia. Não era possível que a riqueza de detalhes que Homero imprime em suas obras tenha sido inventada. Resolve então seguir estritamente o descrito na Ilíada e na Odisséia.
Figura estranha era aquele obstinado alemão, percorrendo a pé as terras da Frígia (hoje Turquia), às margens do Mar Egeu, medindo distâncias, comparando citações, identificando os lugares geográficos, localizando as fontes de água, hoje desaparecidas, enfim, reconstituindo toda uma época.
Quando ele chega à Colina de Hissarlik, todas as descrições de Homero parecem coincidir com o que ele vê e sente. Levanta seu olhar e vê, ao longe, o Monte Ida, de cujo cume Júpiter dominava a cidade de Troia.
Schliemann se põe a escavar com a ajuda de cerca de 100 trabalhadores. Muitos o chamam de louco – afinal, o alemão não era um arqueólogo no conceito que se tinha dessa profissão no século XIX.
De repente, começam a surgir objetos diversos, armas e utensílios domésticos. Ali deve haver uma cidade! E realmente havia, não uma, mas nove, construídas em épocas diferentes, umas sobre as outras.
Ao descobrir vestígios de fogo nos restos da sétima e oitava camada, julgou ter encontrado Troia e seus relatos, além de darem à arqueologia uma nova dimensão, trouxeram-lhe fama, reconhecimento e muitas críticas pelo método de trabalho que utilizara.
(*) Com informações do Instituto Singularidades
Também nesta data:
1920 – Morre o intelectual alemão Max Weber
1940 – Wehrmacht ocupa Paris
1982 – Argentinos se rendem e encerram Guerra das Malvinas