Klaus Barbie, chefe da Gestapo na região de Lyon, França, durante a ocupação alemã, foi preso na Bolívia em 19 de janeiro de 1983 por crimes contra a humanidade nas quatro décadas anteriores.
Como chefe da polícia secreta da Alemanha nazista na França ocupada, Barbie enviou milhares de judeus franceses e militantes maquis da resistência para a morte nos campos de extermínio ao mesmo tempo em que mandou torturar, abusar ou também executar muitos outros.
Após a libertação da França pelos Aliados, Barbie fugiu para a Alemanha, onde, com identidade falsa juntou-se a outros ex-oficiais nazistas na formação de uma organização clandestina anticomunista. Em 1947, o Corpo de Contra Inteligência dos Estados Unidos (CIC) desmantelou a organização e prendeu seus dirigentes, embora Barbie tivesse sido poupado até que o CIC lhe oferecesse dinheiro e proteção em troca de sua cooperação nos esforços de contraespionagem contra a União Soviética, que ocupava a zona oriental da Alemanha e de Berlim.
Barbie trabalhou como agente de Washington na Alemanha durante dois anos e, em 1949, foi transportado às escondidas para a Bolívia, onde adotou o nome de “Klaus Altmann”, prosseguindo em seu trabalho como agente do serviço secreto dos Estados Unidos.
Além de trabalhar para os norte-americanos, Barbie prestou serviços para os vários governos militares da Bolívia, em especial àquele de Hugo “El Petiso” Banzer, que chegou ao poder em 1971, tornando-se um dos mais opressores dirigentes do país. Barbie forneceu a Benzer uma expertise similar à que realizava para o regime nazista, interrogando e torturando os opositores políticos, despachando muitos deles para os campos de internamento, onde um grande número era executado ou morria em decorrência dos maus tratos.
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Após a guerra, Klaus Barbie foi recrutado pelo serviço secreto norte-americano
Foi nessa época que os caçadores de nazistas Serge Klarsfeld e Beatte Kunzel descobriram o paradeiro de Barbie, porém Banzer recusou-se a extraditá-lo para a França. No começo dos anos 1980, um regime mais liberal chega ao poder na Bolívia e concorda em extraditar Barbie em troca de ajuda francesa à carente nação. Em 19 de janeiro de 1983, Barbie é preso, desembarcando na França em 7 de fevereiro.
Disputas legais, especialmente entre grupos representativos das vítimas da Resistência francesa e da comunidade judaica, retardaram seu julgamento por quarto anos. Finalmente, em 11 de maio de 1987, o “Açougueiro de Lyon”, como era conhecido na França, foi levado às barras do tribunal, acusado de 177 crimes contra a humanidade.
Numa guinada inimaginável, Barbie foi defendido por três advogados de minorias étnicas – um asiático, um africano e um árabe – que levantaram a dramática tese de que os franceses e os judeus eram tão culpados de crimes contra a humanidade quanto Barbie ou qualquer outro nazista.
Os advogados de Barbie estavam mais interessados em colocar a França e Israel no banco dos réus do que na verdade provar a inocência de seu cliente. Finalmente, em 4 de julho de 1987, Barbie foi considerado culpado. Por seus crimes, foi sentenciado a passar o resto de seus dias na prisão, a mais grave punição prevista na legislação francesa, que , à época, já abolira a pena de morte. Barbie morreu de câncer na prisão em 25 de setembro de 1991, aos 77 anos.
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