Em um dos mais famosos casos da história de roubo de cadáveres, dois homens roubam o cadáver do consagrado ator e reverenciado mundialmente como gênio do cinema, Charlie Chaplin, de um cemitério da cidadezinha suíça de Corsier-sur-Vevey, em 2 de março de 1978.
O ator cômico, mais conhecido talvez pelo seu marcante personagem, Carlitos, o pequeno vagabundo, Chaplin era também um respeitado diretor e produtor.
Sua carreira abarcou a era do cinema mudo de Hollywood e a transição para o cinema falado no final dos anos 1920. Chaplin faleceu no Natal de 1977, aos 88 anos.
Dois meses mais tarde, seu corpo foi roubado de um cemitério suíço, desencadeando uma intensa investigação policial e uma caçada aos culpados. Após o incidente, a viúva de Chaplin, Oona O’Neill, alega ter recebido um pedido de resgate de US$ 600 mil. Desde então, a polícia passou a monitorar seu telefone e a vigiar cerca de 200 telefones públicos da região.
Oona recusou-se a pagar o resgate, afirmando que seu marido – se estivesse vivo – teria considerado a situação “ridícula”. Os criminosos mais tarde fizeram ameaças contra seus filhos mais novas. Oona Chaplin era a quarta mulher do astro britânico. Ela e Chaplin casaram-se em 1943, quando tinha 18 anos e ele, 54. Juntos, tiveram oito filhos.
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Os dois acusados do crime contra ícone do cinema – um polonês e um búlgaro – alegaram que estavam com dificuldades financeiras
A família resolveu estabelecer-se na Suíça em 1952 após Chaplin ter sido acusado pelos seus inimigos, em especial, os membros da Comissão de Atividades Antiamericana, de simpatia com o comunismo.
Após cinco semanas de investigação, a polícia prendeu dois mecânicos de automóvel – Roman Wardas, da Polônia, e Gantscho Ganev, da Bulgária – os quais, em 17 de maio, levaram os policiais ao corpo de Chaplin, que haviam enterrado num milharal, a cerca de 2 quilômetros da residência da família em Corsier.
Em dezembro, Wardas e Ganev foram condenados por roubo de sepultura e tentativa de extorsão. Considerados refugiados políticos do Leste europeu, os dois acusados aparentemente roubaram o cadáver de Chaplin numa tentativa de resolver dificuldades financeiras.
Wardas, identificado como o autor intelectual da ação delitiva, foi sentenciado a quarto anos e meios de trabalhos forçados. Em seu depoimento, disse ter se inspirado num crime similar cujo relato lera em um jornal italiano.
Já Ganev foi condenado a uma pena de 18 meses que cumpriu em liberdade, visto que o tribunal reconheceu sua limitada responsabilidade na execução do crime. Quanto a Chaplin, sua família reconstruiu a sepultura em concreto a fim de prevenir futuras tentativas de roubo.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.