Em 7 de março de 1999, o cineasta norte-americano Stanley Kubrick morre em Hertfordshire, Inglaterra, aos 70 anos. Um dos mais aclamados diretores cinematográficos do século 20, Kubrick explorou o lado escuro da natureza humana em seus 13 filmes.
Quem foi Kubrick?
Nascido na cidade de Nova York, em 1928, Kubrick abraçou a fotografia ainda no colégio, tornando-se membro da equipe de fotógrafos da revista Look aos 17 anos. Encarregado de fotografar uma cena de luta de boxe, inspirou-o a produzir em 1951 “The Day of the Fight”, um curta-metragem a respeito desse esporte.
O curta foi adquirido por uma agência de notícias. Ele realizou dois documentários mais antes de rodar um longa-metragem de baixo custo, “Medo e Desejo” (1953), que tinha como tema a guerra. O filme, uma produção independente, recebeu muito pouca atenção fora de Nova York, onde a crítica já elogiava os talentos de Kubrick como diretor.
Os dois filmes subsequentes de Kubrick, “A Morte Passou por Perto” (1955) e “O Grande Golpe” (1956) atraiu a atenção de Hollywood. Já em 1957, dirigia o consagrado ator Kirk Douglas em “Glória Feita de Sangue”, a história de uma injustiça militar praticada no exército francês durante a Primeira Guerra Mundial.
O astro Douglas contratou mais tarde Kubrick para encarregar-se da produção de “Spartacus” (1960), um épico histórico acerca de uma rebelião de escravos liderada pelo escravo romano Spartacus em 73 a. C..
O filme foi um rotundo êxito de bilheteria, tendo ganho quatro estatuetas Oscar da Academia, inclusive o de Melhor Direção, atribuída a Russell Metty, mas que, no fundo, deveu-se amplamente ao trabalho de Kubrick. Antes das tomadas, a característica obsessão de Kubrick pelos detalhes criou alguma tensão com o elenco e o conjunto da equipe de filmagem.
Após Spartacus, mudou-se permanentemente para a Inglaterra, onde dirigiu Lolita (1962), baseado no controvertido romance de Vladimir Nabokov. Dois anos depois, emplacou outro grande sucesso comercial e de crítica com “Dr. Fantástico” (Dr. Strangelove or How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb, no título em inglês).
Estrelado por Peter Sellers e George C. Scott, Dr. Fantástico era uma comédia ‘noir’ acerca da corrida armamentista nuclear, o que lhe proporcionou quatro indicações para o Oscar de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Ator (Peter Sellers).
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Stanley Kubrik dirigiu, entre outros, ‘2001: Uma Odisseia no Espaço’, ‘O Iluminado’ e ‘Laranja Mecânica’
Kubrick dedicou quarto anos de trabalho para realizer sua película seguinte, “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968), com roteiro compartilhado com o escritor inglês Arthur C. Clarke. Amplamente considerado pelo público e crítica como o melhor ficção científica produzido, “2001: Uma Odisseia no Espaço” garantiu a Kubrick um bem merecido Oscar de Melhor Efeito Visual.
O trabalho subsequente de Kubrick foi “Laranja Mecânica” (1971), uma intervenção sociológica altamente polêmica, localizada num futuro próximo. Recebeu da censura cinematográfica dos Estados Unidos a classificação X por sua extrema violência e foi simplesmente proibido no Reino Unido. Não obstante recebeu quatro indicações para o Oscar inclusive o de Melhor Filme.
“Barry Lyndon” (1975) foi uma fita pitoresca baseada na novela do século 19 de autoria de William Thackeray. Kubrick, que se notabilizou por sua tendência ao perfeccionismo, levou 300 dias, um tempo recorde, para lançar o filme.
“O Iluminado” (1980), estrelado por Jack Nicholson como vigia de um resort de montanha que enlouquece, foi saudado como uma verdadeira obra-prima do gênero horror. Nascido para Matar (1987) tratou da Guerra do Vietnã e foi outro grande sucesso comercial e de crítica.
Em 1997, após 10 anos de ausência dos meios cinematográficos, Kubrick começou a filmagem de “De Olhos Bem Fechados” (1999), um enigmático ‘thriller’ estrelado por Tom Cruise e Nicole Kidman. O diretor morreu logo depois de ter concluído a edição do filme.
*Max Altman (1937-2016), advogado e jornalista, foi titular da coluna Hoje na História da fundação do site, em 2008, até o final de 2014, tendo escrito a maior parte dos textos publicados na seção. Entre 2014 e 2016, escreveu séries especiais e manteve o blog Sueltos em Opera Mundi.