Atualizada em 24/07/2017 às 11:00
Antonio Vivaldi, compositor e violinista italiano do Barroco, morre em Viena em 28 de julho de 1741. Trata-se de uma das figuras mais relevantes da história da música. Além da formidável habilidade como músico, sua maestria se consagrou ao consolidar o gênero do concerto, o mais importante de sua época.
Era apelidado de “O Padre Vermelho” por ser sacerdote católico e ruivo. Compôs perto de 770 obras, entre as quais 477 concertos e 46 óperas. É especialmente conhecido, a nível erudito e popular, por ser o autor da série de concertos para violino e orquestra As Quatro Estações.
Esta obra, que faz parte do ciclo “Il cimento dell’armonia e dell’inventione” tem uma importância capital por haver rompido com o paradigma do ‘concerto soli’, estabelecido pelo próprio Vivaldi. Até então o ‘concerto soli’ era uma peça em que o instrumento solista carregava todo o peso da melodia e da composição e o restante da orquestra se limitava a exercer o acompanhamento segundo as regras da harmonia.
O compositor russo Igor Stravinski comentou em uma ocasião que Vivaldi não havia composto jamais 500 concertos e sim “500 vezes o mesmo concerto”. Não deixa de ser certo no que diz respeito ao original e inconfundível tom que o compositor veneziano imprimiu a sua música o que a faz rapidamente reconhecível.
Autor prolífico, a produção de Vivaldi abarca não somente o gênero concertante, mas também abundante música de câmara, vocal e operística. Célebre sobretudo pela sua As Quatro Estações, cuja fama eclipsou outras de suas obras igualmente valiosas, Vivaldi é um dos maiores compositores do período barroco, impulsionador da Escola Veneziana – à qual pertenceram Tommaso Albinoni e os irmãos Benedetto e Alessandro Marcello– equiparável pela qualidade e originalidade de sua contribuição, aos contemporâneos Bach e Haendel.
Wikicommons
Padre Antônio Vivaldi consagrou o gênero do concerto na música clássica
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Nascido em Veneza em 4 de março de 1678, pouco se sabe de sua infância. Filho do violinista Giovanni Vivaldi, Antonio iniciou-se no mundo da música provavelmente da mão de seu pai. Orientado para a carreira eclesiástica, foi ordenado padre em 1703.
No mesmo ano, ingressou como professor de violino no Pio Ospedale della Pietà, uma instituição voltada a formação de meninas órfãs. Ligado durante longos anos a ela, muitas de suas composições foram interpretadas pela primeira vez por sua orquestra feminina. Neste marco vieram à luz suas primeiras composições como Suonate da câmera, publicadas em 1705, e os 12 concertos que conformam a coleção O Estro Harmônico, publicada em Amsterdã em 1711.
Vivaldi alcançou fama em pouco tempo em todo o território italiano, que logo se estendeu a toda a Europa e não só como compositor mas também – e não em menor medida – como violinista, um dos maiores de seu tempo. Basta observar as dificuldades das partituras solistas de seus concertos ou suus sonatas de câmara para salientar o nível técnico do músico.
Conhecida e pedida, a ópera, o único gênero que garantia grandes ingressos aos compositores da época, atraiu também a atenção de Vivaldi, apesar de que sua condição de padre o impedia de certo modo abordar um espetáculo excessivamente mundano e pouco edificante. Na verdade, seus superiores recriminavam sua pouca dedicação ao culto e seus costumes um pouco lassos.
Imerso no mundo teatral como compositor e empresário Ottone in Villa foi a primeira das óperas de Vivaldi de que se tem notícia. A ela seguiram títulos como Orlando Furioso; Armida al Campo d’Egitto; Tito Manlio; L’Olimpiade, hoje em dia esporadicamente representados.
A fama do músico atingiu o auge quase no final de sua vida com a publicação de suas mais importantes coleções instrumentais Il Cimento dell’Armonia e dell’Inventione, em que estão incluídas As Quatro Estações.
Porém no final da década de 1730, o público veneziano começou a mostrar menor interesse por sua música, pelo que Vivaldi decidiu ir em busca de melhores dias em Viena, onde morreu na mais absoluta pobreza, um mês depois de sua chegada.
Apesar desse triste final e de um longo período de esquecimento, a obra de Vivaldi contribuiu para assentar as bases do que seria a música dos mestres do classicismo, sobretudo na França, e a consolidar a estrutura do concerto solista.