O promotor da Justiça Criminal da Argentina Ricardo Sáenz emitiu nesta quinta-feira (25/02) um parecer no qual afirma que seu colega Alberto Nisman, encontrado morto em seu apartamento em 18 de janeiro de 2015, foi vítima de homicídio.
O parecer de Sáenz se une ao recurso de Sandra Arroyo Salgado, viúva de Nisman, contra a decisão da juíza Fabiana Palmaghini de rechaçar o envio do processo à Justiça Federal. Salgado alega que a morte de seu marido se deu por homicídio, e não suicídio, como sustenta a versão oficial.
Arquivo Agência Efe
Manifestação realizada em Buenos Aires em março de 2015 em memória de Alberto Nisman
Sáenz diz concordar que esta seja a principal hipótese para a morte de Nisman, que morreu antes de apresentar no Congresso argentino uma denúncia na qual acusaria a então presidente Cristina Kirchner de ter acobertado o suposto papel do Irã no atentado contra uma entidade judaica que aconteceu em Buenos Aires e deixou 85 pessoas mortas, em 1994. A Justiça argentina, posteriormente, negou abrir processo contra Cristina com base na denúncia de Nisman.
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Em seu parecer, Sáenz afirma que a investigação deve ficar a cargo da Justiça Federal de Buenos Aires. “Ao se encontrar diante da única possibilidade de que Alberto Nisman, o promotor que investigava o atentado à AMIA e que havia denunciado a então presidente da Nação, seu chanceler e outros funcionários, tenha sido assassinado quatro dias após divulgar esta denúncia, a investigação deveria prosseguir a cargo da Justiça Federal dessa cidade, que tem a competência mais ampla para resolver qual de todas as hipóteses levantadas é aplicável ao caso”.
Arquivo Agência Efe
Sandra Arroyo Salgado, viúva de Alberto Nisman, sempre sustentou que marido foi assassinado
O promotor afirmou também que os argumentos de Salgado que sustentam a tese de homicídios são “sólidos”, incluindo a falta de “uma explicação lógica” para a presença da arma que matou Nisman em seu apartamento, visto as três versões dadas para o fato em juízo serem “contraditórias”, além do fato de o apartamento de Nisman ter sido encontrado “limpo” pelos peritos, seu computador ter sido manipulado e “o conteúdo de seu telefone ter sido apagado”.
Segundo o jornal argentino La Nación, é a primeira vez que um funcionário da Justiça argentina concorda com a versão apresentada pela viúva de Nisman. A decisão final sobre o recurso apresentado por Salgado e apoiado pelo parecer de Sáenz será tomada pelo Tribunal Criminal de Buenos Aires em audiência marcada para o próximo dia 18 de março.