O negociador das FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) no processo de paz com o governo da Colômbia, Iván Márquez, reconheceu por meio de vídeo publicado neste domingo (11/09) que a guerrilha provocou “grande dor” na população colombiana com os sequestros “por razões econômicas” ao longo do conflito que durou 52 anos.
“Queremos reconhecer com sentimento de humanidade e reconciliação que, no desenvolvimento do conflito, as FARC também causamos uma grande dor com a retenção de pessoas por razões econômicas”, disse Márquez desde Havana, capital de Cuba e sede das negociações de paz.
Agência Efe
Iván Márquez, um dos representantes das FARC nos diálogos de paz, durante negociação em Havana
Ele também afirmou que os sequestros “ainda que sempre tiveram um propósito de sustentar as necessidades da rebelião, terminaram lacerando entornos familiares”. Para Márquez, todos os envolvidos no conflito devem reconhecer suas responsabilidades e se comprometer a nunca mais repetir o que foi feito durante o conflito que deixou mais de 220 mil mortos.
“Que ditas práticas fiquem sepultadas para sempre com a guerra que culmina”, disse.
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Márquez ainda pediu que os envolvidos pensem “no presente e nas gerações futuras para que dentro de uns anos vejam nesse acordo de paz o ponto de partida de uma nova Colômbia com felicidade e prosperidade”.
O negociador, porém, não pediu desculpas em nome das FARC, afirmando que o perdão é “um assunto de consciência íntima”. “Nos somamos ao sentimento coletivo de contrição pelo dano que podemos ter causado pensando sempre que a paz só será possível se o juntarmos em um mesmo sentimento de pátria”.
“Esperamos que esta sincera determinação de reconciliação que não espera nada em troca motive em outros que estão intervindo no conflito sua disposição e compromisso para com as vítimas e com a reconciliação nacional”, disse.
As FARC e o governo colombiano anunciaram o fim das negociações de paz, que duraram quatro anos, no dia 24 de agosto em Havana, capital de Cuba. O texto final do acordo foi entregue ao Congresso Nacional colombiano no dia seguinte e deve ser assinado definitivamente por Santos e o líder das Farc, Timoleón Jimenez, no dia 26 de setembro.
No dia 29 de agosto, foi ordenado um cessar-fogo definitivo, tanto por parte das forças oficiais quanto das FARC, encerrando o conflito armado entre o governo e a guerrilha.
Para que o acordo entre oficialmente em vigor, a população colombiana votará em plebiscito pelos termos de paz no dia 2 de outubro. Para que o resultado valide o documento, a Corte Constitucional colombiana determinou que é preciso que pelo menos 13% do censo eleitoral vá às urnas. Isso quer dizer que ao menos 4,5 milhões de pessoas precisam votar para que o resultado, aceitando ou rejeitando o acordo de paz, seja acatado pelo governo colombiano e pelas FARC — que já se comprometeram a aceitar o que a população decidir.