O líder do PSUV (Partido Socialista Unificado da Venezuela), Elías Jaua, convocou uma “mobilização ativa e permanente” dos militantes do partido de Nicolás Maduro contra a decisão do Parlamento do país – controlado pela oposição –, que aprovou, neste domingo (23/10), acordo em que diz ter havido “ruptura da ordem constitucional” e um “golpe de Estado” dado pelo mandatário, em uma tentativa de destituí-lo.
“Vamos às ruas defender o poder político da Venezuela. Eles [a oposição] não nos reconheceram em 2002, 2004, 2007 e 2013 e, agora, cabe a nós, como sempre, ensinarmos a reconhecer e a respeitar essa pátria, porque, quando se desconhece a Nicolás Maduro, se desconhece ao povo e isso nós devemos defender”, disse Jaua, segundo o jornal El Universal.
Por sua vez, o líder do governo no Parlamento, Hector Rodríguez, disse que a decisão “não tem validade política”. “Podem fazer com esse acordo o que quiserem. Este governo segue em frente e, ante a qualquer tentativa de fraude, vamos estar mais unidos que nunca para vencer”, afirmou.
“A oposição violou a democracia. A Venezuela é uma democracia e isso significa respeitar a Constituição e as instituições. Se não gostam da sentença que emitiram contra o [referendo revogatório], é problema dela”, disse Rodríguez.
Acordo
O Parlamento, controlado pela oposição, aprovou na noite deste domingo, em sessão extraordinária, um acordo em que declarou a “ruptura da ordem constitucional e a existência de um golpe de Estado” no país, após a Justiça suspender o andamento do processo que pode resultar em um referendo para revogar o mandato de Maduro.
Os parlamentares acertaram solicitar à comunidade internacional a “ativação de todos os mecanismos necessários para garantir os direitos do povo da Venezuela”. Eles também anunciaram que formalizarão uma denúncia no Tribunal Penal Internacional (TPI) contra os juízes regionais e os reitores do Conselho Nacional Eleitoral, classificados como “responsáveis” da suspensão do processo de referendo para tirar Maduro do poder.
Fotos: Agência Efe
PSUV pede mobilização permanente após Parlamento aprovar acordo que fala em 'ruptura de ordem constitucional'
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O Parlamento pediu o início de um processo para determinar a situação constitucional da presidência da Venezuela, já que alegam haver uma investigação sobre a “provável dupla nacionalidade de Maduro” e que existem “fundamentadas razões” para determinar o abandono das funções constitucionais da presidência. Neste momento, o presidente do país está em viagem ao Azerbaijão.
Além disso, o texto aprovado exige que as Forças Armadas da Venezuela “não obedeçam ou executem nenhum ato ou decisão que sejam contrários aos princípios constitucionais” e convocou os cidadãos do país a fazer uma “defesa ativa” da Carta Magna.
Protesto
Pessoas ligadas ao chavismo ocuparam neste domingo o Parlamento durante a discussão do acordo. A movimentação começou durante o discurso do primeiro vice-presidente do Legislativo, o opositor Enrique Márquez, momento em que começaram a entrar no plenário vários homens e mulheres, quase todos vestidos de vermelho, cor símbolo do chavismo no país.
Manifestantes entraram no Parlamento e sessão foi interrompida por meia hora
Os chavistas levaram fotos do libertador venezuelano Simón Bolívar, bandeiras do país e de movimentos LGBT. Sob os gritos de “o povo unido jamais será vencido”, vários deles conseguiram entrar no salão de debates.
Dentro do plenário, os manifestantes e os seguranças da Assembleia Nacional começaram a trocar empurrões. O líder da bancada do governo, Héctor Rodríguez, tentou conter os chavistas, que foram deixando o local aos poucos.
O presidente do parlamento, Henry Ramos Allup, suspendeu o debate por meia hora e decidiu retomá-lo depois de ordenar a expulsão de todas as pessoas, salvo jornalistas e funcionários do Legislativo.
Segundo a imprensa local, duas pessoas ficaram feridas.
(*) Com Efe