Relatos de ataques de racismo e crimes de ódio contra mulheres, pessoas negras, muçulmanas, latinas e LGBT nos Estados Unidos têm se propagado nas redes sociais desde a eleição do republicano Donald Trump nesta quarta-feira (09/11).
A jornalista brasileira Fernanda Santos, repórter do New York Times, mora na cidade de Phoenix, no Estado do Arizona, e contou nas redes sociais que foi agredida verbalmente por um homem branco que a ouviu falar ao telefone em espanhol.
“Quando eu desliguei, ele disse: 'Fale inglês!', escreveu Santos em seu perfil no Twitter. “Moro no Arizona há 4 anos, já conversei em espanhol várias vezes – minha filha e eu só conversamos entre nós em português. Isso nunca aconteceu antes. Como imigrante e repórter do NYT, nunca me senti mal recebida. Hoje, eu me senti”.
1. I was speaking Spanish on the phone a few min ago in North Phoenix and a man was glaring at me. When I hung up, he said, “Speak English!”
— Fernanda Santos (@fernandaNYT) 10 de novembro de 2016
2. I've lived in AZ for 4 years, spoken Spanish countless times – my daughter and I only speak Portuguese to each other. This never happened
— Fernanda Santos (@fernandaNYT) 10 de novembro de 2016
3. I told him I speak four languages and he told me to fuck off. He was a white older man, maybe old enough to be my father. I'm shaking
— Fernanda Santos (@fernandaNYT) 10 de novembro de 2016
4. I'm quick to say Arizona has been great to me and my family. As an immigrant and NYT reporter, I've never felt unwelcome. Today I did.
— Fernanda Santos (@fernandaNYT) 10 de novembro de 2016
O caso é um dos muitos relatos de internautas que denunciaram ataques de racismo e xenofobia em diversos Estados. Alguns publicaram fotos e vídeos mostrando casos de insultos e agressão física contra minorias com referências a Trump, presidente eleito dos EUA.
Em Durham, no Estado da Carolina do Norte, um muro amanheceu na quarta-feira (09/11) pixado com a frase “Vidas negras não importam, nem os seus votos”. A mensagem faz referência ao movimento Black Lives Matter (“Vidas Negras Importam”, em tradução livre), que denuncia a violência policial contra pessoas negras, assim como ao fato de que a população negra dos EUA votou majoritariamente na democrata Hillary Clinton – Trump teve apenas 8% destes votos.
Someone spray painted “Black lives don't matter and neither does your votes” on a wall in Durham overnight. pic.twitter.com/Idfm5T8RFg
— Derrick Lewis (@DerrickQLewis) 9 de novembro de 2016
“Vidas negras não importam”: eleitores negros votaram em massa em Hillary Clinton (88%)
Em uma escola no Estado do Michigan, um vídeo registrou alunos gritando “construa o muro” na hora do recreio, em referência ao muro que Trump prometeu construir na fronteira com o México para impedir a entrada de imigrantes.
Middle school students in Royal Oak, Michigan chanting “Build The Wall!” pic.twitter.com/38vcnN9mnk
— Philip Lewis (@Phil_Lewis_) 10 de novembro de 2016
Também houve relatos de ataques contra pessoas muçulmanas, especialmente mulheres, devido à fácil identificação pelo hijab, lenço utilizado por algumas muçulmanas para cobrir os cabelos. A imprensa norte-americana registrou mais de um caso em que homens assediaram e tentaram arrancar o hijab de mulheres muçulmanas.
Na Universidade de Nova York, estudantes muçulmanos encontraram a porta da sala de orações rabiscada com “Trump!” na quarta-feira (09/11), dia seguinte às eleições.
“Nosso campus não é imune à intolerância que se propaga na América”, declarou a Associação dos Estudantes Muçulmanos da instituição, em uma mensagem nas redes sociais.
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Reprodução / Twitter
“Torne a América branca de novo”: Suásticas e referências ao nazismo proliferaram após eleição de Trump
Suásticas e referências nazistas foram pixadas na cidade de Filadélfia, no Estado da Pensilvânia, entre elas a expressão alemã “Sieg Heil”, ligada ao nazismo, que significa “salve a vitória” ou “viva a vitória”.
“Suásticas e a saudação nazista enviam uma mensagem de intolerância e ódio a toda a comunidade”, disse Nancy Baron, diretora regional da Liga Antidifamação, ONG norte-americana contra o antissemitismo, em um comunicado. “Todos têm um papel a desempenhar no combate à intolerância – devemos defender, educar e investigar até que o ódio não seja mais bem-vindo em nossa sociedade”, afirmou.
South Philly residents are responding with anger, tears to Nazi and Trump-related vandalismhttps://t.co/gZUTg63jAX pic.twitter.com/Py8Y1VG9d2
— Alexis Sachdev (@lexsachdev) 10 de novembro de 2016