O CD (Centro Democrático), partido do senador e ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe, um dos líderes da oposição ao acordo de paz entre o governo e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), publicou nesta quarta-feira (23/11) um comunicado em seu site oficial em que repudia o novo pacto acordado entre o governo de Juan Manuel Santos e a guerrilha. Senadores do partido pedem a dissolução do Congresso, que será responsável por referendar o novo acordo após a assinatura nesta quinta-feira (24/11).
No comunicado, o CD reconhece que houve avanços no novo acordo, anunciado no último dia 12, mas insiste em pontos com que discorda e que não foram alterados, como a elegibilidade política de ex-guerrilheiros.
“O governo não aceitou terminar com a impunidade, oferecendo apenas penas simbólicas para crimes de lesa humanidade”, diz a nota. O novo acordo, que será assinado amanhã em Bogotá, dita que as penas sejam reparatórias e sem prisão.
O texto também fala da não inclusão do narcotráfico como crime de lesa humanidade, o que possibilita sua anistia, caso seja comprovado que sua prática tenha sido para financiar as atividades da guerrilha. O CD também pede um novo plebiscito, como o que foi realizado em 2 de outubro, e critica a decisão de aprovar o novo acordo por meio do Congresso, “assegurada pelas maiorias de que dispõe o governo”.
“Estes e outros temas nos levam a não aceitar o acordo entre governo e FARC”, diz o comunicado do opositores. “Estudaremos nos próximos dias um conjunto de ações de apelação ao povo nas ruas e nos cenários da democracia.”
Agência Efe
O ex-presidente Álvaro Uribe, do partido Centro Democrático, é um dos líderes do “não” ao acordo com as FARC
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Entre estas ações estaria a dissolução do Congresso, segundo manifestaram senadores do partido. Eles argumentam que, visto que o Congresso irá referendar o novo acordo, novas eleições devem ser convocadas para que a população escolha os parlamentares que desempenharão este papel.
Si el Congreso insiste en desconocer los resultados democráticos y refrendar lo q fue rechazado habrá q buscar formas de revocar el congreso
— Paloma Valencia L (@PalomaValenciaL) 22 de novembro de 2016
“Se o Congresso insiste em ignorar os resultados democráticos e referendar o que foi rejeitado, teremos que buscar formas de revogar o Congresso”, escreveu a senadora Paloma Valencia no Twitter, em referência ao plebiscito realizado em outubro no qual o “não” saiu vitorioso
Além da senadora Paloma Valencia, o senador Daniel Cabrales também impulsiona a dissolução do Congresso colombiano: “Se o Congresso colombiano desconhece o povo, não tem sentido que exista”, afirmou.
Si el congreso de Colombia desconoce el pueblo, este no tiene sentido que exista. #RevocatoriaDelCongreso
— Daniel Cabrales C. (@Dcabralescast) 22 de novembro de 2016
Após a assinatura em Bogotá, o acordo será levado ao Congresso para ser referendado nesta quinta-feira (24/11). O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, já declarou que “a via mais conveniente e legítima” para referendar o novo acordo é através do Congresso, pois lá estão “representadas todas as visões e opções políticas do país, desde a extrema esquerda até a extrema direita”.