O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou nesta terça-feira (17/01) ter aceitado a nomeação de Yossi Shelli como embaixador de Israel no país. A confirmação de Shelli é considerada pelos governos dos dois países como o ponto final na crise diplomática iniciada em agosto de 2015 com a recusa do governo de Dilma Rousseff à indicação de Dani Dayan, ligado ao movimento de colonos israelenses em território ocupado palestino, como representante de Israel em Brasília.
“Este passo abre uma nova era de laços entre os dois países”, declarou Emmanuel Nahshon, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores de Israel. “A nomeação [de Shelli] irá promover a amizade entre nossos povos e laços em várias áreas, inclusive economia e comércio. O Brasil é o maior e mais importante país da América Latina e a sétima economia do mundo, e uma importante comunidade judaica e sionista vive no país”, afirmou.
Indicado por Benjamin Netanyahu, que acumula as funções de primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores de Israel, Yossi Shelli é empresário e não tem experiência diplomática. Ele foi presidente do Serviço Postal israelense e, em 2008, foi acusado de fraude e perjúrio por ter mentido à Comissão de Serviço Civil do governo israelense sobre sua ligação com o Likud, partido de Netanyahu.
Agência Efe
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também ministro de Relações Exteriores de Israel
Como parte do acordo para evitar a condenação, em 2012 Shelli se declarou culpado da acusação de quebrar uma obrigação legal ao mentir sobre sua filiação ao partido e ficou proibido pela Justiça israelense de exercer funções públicas até junho de 2015.
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Segundo o jornal israelense Haaretz, tal conexão entre Shelli, Netanyahu e o Likud voltou a ser objeto de debate quando sua indicação para a Embaixada de Israel no Brasil foi apresentada à Comissão de Serviço Civil. O comitê de nomeações, porém, decidiu que Shelli tem “habilidades especiais” como administrador e empresário que irão ajudá-lo no exercício do cargo.
Já de acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a nomeação de Shelli, em setembro do ano passado, foi recebida com estranheza pela chancelaria do governo de Michel Temer, liderada por José Serra, devido à falta de experiência diplomática do israelense.
Israel estava sem embaixador no Brasil há mais de um ano devido à crise entre os dois países pela nomeação de Dani Dayan, indicado por Netanyahu para ser embaixador no país em agosto de 2015. A nomeação foi rejeitada pelo governo Dilma Rousseff e rechaçada por movimentos sociais brasileiros e estrangeiros solidários à Palestina devido à atuação de Dayan como representante de colonos israelenses em território ocupado palestino.
Após certa queda de braço diplomática, com Netanyahu afirmando por meses que não iria apontar outro embaixador para o Brasil, em março de 2016 o governo israelense cedeu à pressão brasileira e internacional e nomeou Dayan como cônsul do país em Nova York.
Já o governo israelense confirmou no dia 11 de janeiro a nomeação de Paulo César Meira de Vasconcellos como embaixador do Brasil em Israel. Vasconcellos, que ainda deve ser aprovado pelo Senado brasileiro para o posto, foi embaixador nos Emirados Árabes Unidos e na Tailândia e serviu no Consulado brasileiro em Nova York e nas embaixadas brasileiras nos EUA, no Peru e no Canadá.