A explosão de um carro carregado de explosivos matou pelo menos 47 pessoas nesta quarta-feira (18/01) em um quartel na cidade de Gao, no leste do Mali, conforme o balanço preliminar sobre aquele que é considerado o pior atentado dos últimos anos no país.
Segundo um comunicado do governo, eram cinco os suicidas que estavam no carro que entrou nesta manhã, por volta das 9h (hora local, 7h em Brasília), na base militar. No acampamento estavam 600 combatentes do Exército e de milícias tuaregues, que se preparavam para sair para as “patrulhas conjuntas” de estabilização de Gao.
Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque até o momento, embora o “modus operandi” se assemelhe ao dos grupos jihadistas que operam no Mali e atentam constantemente contra o Exército nacional e a missão da ONU no país, a Minusma. Fontes militares afirmaram que o carro-bomba tinha as mesmas cores dos veículos oficiais, por isso conseguiu entrar sem chamar a atenção.
Minusma / Flickr CC
Missão da ONU no Mali, Minusma, está no país desde 2013; explosão desta quarta-feira atingiu soldados malineses e militantes tuaregues
O lugar atacado pertence ao denominado Mecanismo Operacional de Coordenação (MOC), que reúne forças governamentais e grupos armados locais, e cuja missão é a proteção e a estabilidade em Gao, conforme o acordo de paz assinado entre essas partes. O acordo foi fechado em maio de 2015 em Argel (Argélia) pelo governo do Mali, a Coordenadora de Movimentos do Azawad (CMA), que representa a maioria insurgente separatista tuaregue e as milícias unionistas governistas do Gatia.
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Testemunhas contaram à Efe que a magnitude da explosão, que gerou uma enorme nuvem de pó que cobriu toda a cidade, instaurou o caos e provocou o fechamento de lojas e escolas. Os hospitais estavam repletos de feridos, vários deles em estado grave, e as autoridades de saúde lançaram pedidos urgentes para doação de sangue.
Em sua primeira reação, o presidente malinês, Ibrahim Boubacar Keita, decretou luto nacional de três dias e ordenou o envio do ministro da Defesa, Abdoulaye Idrissa Maiga, ao local para avaliar a situação. A Minusma, que condenou esse ataque “covarde”, disse que não vai diminuir seus esforços para apoiar o processo de paz no país.
Além dos contínuos ataques do grupo Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) contra as forças malineses, Gao é palco de enfrentamentos intermitentes entre grupos armados locais, que põem constantemente em interdição o acordo de paz. Em 20 de novembro foram realizadas eleições locais, mas devido à deterioração da situação de segurança, uma grande parte de Gao, entre outras zonas, não votou, o que dá uma mostra da fragilidade da região.
Hoje o Conselho de Segurança da ONU se reúne em Nova York justamente para analisar um relatório do secretário-geral sobre a atual situação do Mali, que preocupa a comunidade internacional.