O ministro das Relações Exteriores, José Serra, entregou, na noite desta quarta-feira (22/02), sua carta de demissão ao presidente em exercício Michel Temer. O chanceler alega problemas de saúde para pedir a exoneração do cargo. Não há, no entanto, detalhes sobre sua doença.
Na carta, Serra, que estava no cargo desde maio do ano passado, diz que a demissão se deve a “problemas de saúde que são do conhecimento de Vossa Excelência, os quais me impedem de manter o ritmo de viagens internacionais inerentes à função de Chanceler.” No fim de dezembro, Serra foi submetido a uma cirurgia de descompressão e artrodese da coluna cervical.
Ele também diz que, de acordo com os médicos, o tempo para restabelecimento adequado é de pelo menos quatro meses.”
Agência Efe
Serra mudou em 180 graus a política exterior que vinha sendo desenvolvida pelos governos petistas
Eleito senador por São Paulo, com mandato até 2022, Serra ressaltou que seguirá exercendo suas funções e trabalhando pela aprovação de projetos que visem à recuperação da economia, ao desenvolvimento social e à consolidação democrática do Brasil.”
Lava Jato
De acordo com o que se sabe até o momento sobre as delações da Odebrech, Serra é um dos citados. Ele estaria envolvido em um esquema de caixa dois de sua campanha presidencial no ano de 2010.
Executivos da Odebrecht afirmaram aos investigadores da Lava Jato que a campanha do agora ministro teria recebido R$ 23 milhões em doações ilícitas. Os executivos disseram que parte do dinheiro teria sido entregue no Brasil e parte teria sido paga por meio de depósitos bancários realizados em contas no exterior. Oficialmente, a Odebrecht doou apenas R$ 2,4 milhões para a campanha de Serra.
NULL
NULL
Sobre a questão, Serra afirmou que a disputa à Presidência da República em 2010 foi conduzida em acordo com a legislação eleitoral em vigor e que as finanças de sua disputa pelo Palácio do Planalto eram de responsabilidade do partido, o PSDB, e que ninguém foi autorizado a falar em seu nome.
Polêmicas
Durante o tempo em que esteve à frente do Itamaraty, José Serra se envolveu em algumas polêmicas, como quando determinou o envio de uma circular a embaixadores em todo o mundo para rebater a tese da ex-presidente Dilma Rousseff de que ela havia sido vítima de um “golpe” no processo de impeachment.
O tucano também entrou em polêmica envolvendo a presença da Venezuela no Mercosul, impedindo que o país governado pelo presidente Nicolás Maduro assumisse a presidência pró-tempore do bloco. Serra também defendia a suspensão do país vizinho do acordo integracionista.
Veja abaixo a íntegra da carta de demissão de Serra:
Senhor Presidente
Pela presente, venho solicitar minha exoneração do cargo de Ministro de Estado das Relações Exteriores.
Faço-o com tristeza, mas em razão de problemas de saúde que são do conhecimento de Bossa Excelência, os quais me impedem de manter o ritmo de viagens internacionais inerentes à função de Chanceler. Isto sem mencionar as dificuldades para o trabalho do dia a dia. Segundo os médicos, o tempo para restabelecimento adequado é de pelo menos quatro meses.
Para mim, foi motivo de orgulho integrar sua equipe. No Congresso, honrarei meu mandato de Senador trabalhando pela aprovação de projetos que visem à recuperação da economia, ao desenvolvimento social e à consolidação democráticas do Brasil.