Atualizada às 13:16
Marika Rökk, atriz e cantora alemã de origem húngara, atuou como agente oficial da inteligência soviética, de acordo com documentos secretos do arquivo do Serviço Federal da inteligência da Alemanha.
A partir da década de 1940, Rökk, uma das atrizes mais populares da indústria cinematográfica nazista, se uniu a uma rede de agentes responsáveis pela transferência de informações militares de grande importância às autoridades soviéticas, de acordo com documentos alemães cujos trechos foram publicados no tabloide alemão Bild no dia 19 de fevereiro.
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Marika Rökk em cena do filme “Hallo Janine” (1939)
De acordo com os papéis, Rökk foi recrutada por seu empresário, Heinz Hoffmeister, que naquela época já trabalhava para a União Soviética. Por enquanto permanece desconhecido o exato papel de Rökk na rede de inteligência e quais informações ela teria passado para Moscou. Seu marido, o cineasta Georg Jacoby, também, provavelmente, foi recrutado por agências de inteligência soviéticas.
Segundo o jornal alemão, a rede à qual pertencia Rökk, supostamente era chefiada pelo lendário agente secreto soviético Yan Chernyak, que, por seu talento de passar despercebido, era chamado de “homem sem sombra”. A rede continha por volta de 35 agentes, incluindo banqueiros, militares, funcionários do governo e a atriz russa naturalizada alemã Olga Chekhova.
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Marika Rökk em 1940; uma das maiores estrelas do cinema nazista, atriz foi agente secreta da URSS
A primeira menção de atividade de inteligência de Rökk foi encontrada nos documentos de novembro de 1951 da organização alemã Gehlen, precursora da inteligência moderna da Alemanha. No mesmo ano de 1951, Rökk anunciou sua aposentadoria como atriz. Jornais da época escreveram sobre seus planos de abrir sua própria boutique em Dusseldorf especializada em roupas de lã suíça. No entanto, a inteligência alemã suspeitava que tais planos não passassem de uma jogada de Rökk para continuar trabalhando como agente secreta da União Soviética.
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A carreira de atriz de Rökk, que também dançava e cantava, se iniciou na década de 1930. Em 1935, ela fez seu primeiro filme alemão, “Cavalaria Ligeira” (Leichte Kavallerie), produzido pela corporação cinematográfica nazista UFA-Film. Ela foi uma figura importante nos esforços da propaganda nazista no cinema na tentativa de rivalizar Hollywood e as grandes estrelas norte-americanas da época, como Ginger Rodgers e Rita Hayworth. Embora seus filmes não fizessem propaganda explícita do regime, eles popularizaram Rökk como o modelo ideal de “mulher nazista” e distraíram o povo alemão durante a Segunda Guerra Mundial.
Entre seus filmes de maior sucesso durante a guerra estão “Kora Terry” (1940), drama em que Rökk interpreta duas irmãs gêmeas, Kora – a gêmea má – e Mara – a gêmea do bem –, e “Die Frau meiner Träume” (“A mulher dos meus sonhos”) (1944), uma comédia musical nos moldes daquelas estreladas por Fred Astaire e Ginger Rodgers nos Estados Unidos na época.
Veja Marika Rökk em número musical no filme “Die Frau meiner Träume”, de 1944:
Vale destacar que, além de ter sido uma das atrizes favoritas de Adolf Hitler, havia rumores sobre ela ter tido um caso com o ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels. No fim da Segunda Guerra, como castigo pela estreita relação com a liderança nazista, ela foi proibida de trabalhar durante dois anos.
Marika Rökk morreu de infarto aos 90 anos de idade, em 16 de maio de 2004, em Baden bei Wien, na Áustria.
*Com Sputnik