Ezra Edelman, diretor do documentário “O.J.: Made in America”, que venceu o Oscar na categoria na noite de domingo (26/02), trouxe os temas abordados em seu filme para a premiação e dedicou a estatueta a vítimas de violência policial, violência racista e injustiças do sistema penal dos Estados Unidos.
Clique e faça agora uma assinatura solidária de Opera Mundi
O documentário trata do julgamento do ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson, que em junho de 1994 foi acusado pelos assassinatos de Nicole Brown, sua ex-esposa, e do amigo dela Ronald Goldman. Apesar das muitas provas que implicavam O.J. nos assassinatos, ele foi absolvido ao fim do julgamento, em outubro de 1995.
“Esta vitória é para Nicole e Ron, mas também para todos os outros, as vítimas de violência policial, violência motivada por racismo e injustiça criminal”, disse Edelman no palco da cerimônia. “Esta é a história delas, assim como de Ron e Nicole. Me sinto honrado em aceitar este prêmio em nome de todos eles”, concluiu.
ABC/Eddy Chen
A produtora Caroline Waterlow e o diretor Ezra Edelman recebem Oscar de Melhor Documentário por 'O.J.: Made in America'
NULL
NULL
Na época do julgamento de O.J., os EUA viviam um acirramento do antagonismo entre a polícia e a população negra, em decorrência do caso Rodney King, taxista negro que foi espancado por policiais de Los Angeles em março de 1991. Os agentes foram a julgamento e, em abril de 1992, foram absolvidos, o que motivou violentos protestos de parte da população da cidade na época.
“O.J.: Made in America”, originalmente uma série em oito episódios que foram condensados para disputar prêmios em festivais e da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, foi produzido pela emissora esportiva ESPN e se tornou o mais longo ganhador do Oscar, com sete horas e 47 minutos de duração.
Veja trailer, sem legendas, de 'O.J.: Made in America':
O documentário aborda as contradições envolvidas no caso, que envolve racismo e as falhas do sistema penal nos EUA, mas também machismo, feminicídio e o culto às celebridades.
Após a absolvição neste caso, que criou muita controvérsia nos EUA, O.J. Simpson foi preso em setembro de 2007 após participar de um assalto a mão armada em Las Vegas e condenado a 33 anos de prisão em 2008 ao ser considerado culpado por várias acusações relativas ao caso.