O ELN (Exército de Libertação Nacional) emitiu um comunicado neste domingo (06/02) em que se responsabiliza pelo ataque com explosivos em Bogotá, ocorrido no dia 19 de fevereiro, e pediu um cessar-fogo bilateral com o governo colombiano. Segundo a guerrilha, o diálogo em meio ao conflito foi uma das codições estabelecidas pelo governo do presidente Juan Manuel Santos para as negociações.
“No último dia 19 de fevereiro, às 10h20 da manhã, nos arredores da praça La Macarena, um comando guerrilheiro urbano do ELN atacou com explosivos uma patrulha policial do Esmad [Esquadrão Móvel Antidistúrbio]”, declarou o grupo nas redes sociais. Segundo meios locais, um policial morreu e outras 29 pessoas ficaram feridas.
O grupo voltou a pedir que haja um cessar-fogo bilateral “imediato”, pois considera que “não é coerente, por parte do governo, se sentar à mesa de negociações para falar de paz enquanto dilata a trégua bilateral e submete ao padecimento da guerra a população e as partes que se enfrentam”. O ELN alega que há uma “guerra declarada” e a paz é uma “retórica governamental”, destacando as mortes de líderes populares, que em 2016 chegaram a somar 74, segundo o governo, embora organizações sociais e de direitos humanos falem de 117 vítimas.
O governo colombiano, por sua vez, afirmou que o “terrorismo repudiável” por parte do ELN diminuem as chances de um cessar-fogo bilateral. Juan Camilo Restrepo, chefe de negociações representante do governo, declarou que “o cessar-fogo e de hostilidades bilateral chegará quando se entenda que a ele se chega desescalando a confrontação, não escalando”.
Si el ELN cree que con actos terroristas como el de la Macarena ( cuya autoría ahora reconoce con cinismo) va a presionar un cese al fuego.
— Juan Camilo Restrepo (@RestrepoJCamilo) 27 de fevereiro de 2017
Esta muy equivocado. El cese al fuego se alcanzará cuando el ELN comprenda que a él se llega desescalando, no escalando el conflicto.
— Juan Camilo Restrepo (@RestrepoJCamilo) 27 de fevereiro de 2017
“Se o ELN acha que com atos terroristas como o de Macarena (cuja autoria agora reconhece com cinismo) vai pressionar um cessar-fogo, está muito equivocado”, disse Restrepo no Twitter.
Agência Efe
Atentado contra patrulha policial em Bogotá teve autoria reconhecida por ELN
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O ELN afirmou que o grupo aspira a que o governo “tire os civis do conflito” e denunciou os assassinatos de civis que reivindicam direitos pelo Esmad. “Gesto de desescalamento por parte do governo seria capturar militares que colaboram com paramilitares assassinos de líderes sociais”, disse.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, também condenou as mortes de líderes sociais, dias antes das denúncias do ELN. “Condeno da forma mais enérgica todos os atentados dos quais têm sido vítimas os líderes sociais. Não vamos deixar nenhum caso na impunidade”, prometeu o presidente nesta sexta-feira (24/02) após instalar a primeira sessão da Comissão Nacional de Garantias de Segurança, estabelecida como parte dos acordos do governo colombiano com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)
Segundo Santos, em 25 dos 74 assassinatos em 2016 – 117, segundo organizações sociais – quatro já tiveram sentenças, dois casos estão em fase de julgamento, sete tiveram mandatos de prisão emitidos e outros 12 tiveram autorias estabelecidas, levando à prisão de 50 pessoas e investigação de outras 66 pessoas vinculadas aos casos.
O ELN e o governo colombiano iniciaram a fase pública dos diálogos para pôr fim ao conflito entre a guerrilha e as Forças Armadas no dia 7 de fevereiro em Quito, no Equador, após a liberação do ex-deputado Odín Sánchez, sequestrado pela guerrilha em abril de 2016. Em contrapartida, o governo de Juan Manuel Santos indultou dois guerrilheiros e suspendeu as penas de prisão para outros dois membros do ELN, possibilitando assim o início das negociações para a paz.