Abelhas são capazes de aprender e aprimorar tarefas apenas observando outras abelhas, indica um estudo publicado pela revista Science na semana passada. Utilizando uma versão simples de “futebol” criada para testar os insetos, pesquisadores da Universidade Queen Mary, em Londres, concluíram que as abelhas são capazes de aprendizagem sofisticada de tarefas não relacionadas com as que elas costumam desempenhar, e podem ainda aprimorar o que aprendem por meio da observação.
Os pesquisadores fizeram uma abelha levar uma bola até o centro de uma plataforma para receber uma recomensa de água com açúcar, enquanto outras abelhas observavam a ação. Depois de três sessões de observação, as outras abelhas também eram capazes de realizar a mesma tarefa, sugerindo que haviam aprendido com o exemplo da abelha treinada. Outras abelhas, que não haviam recebido indicações, alcançaram o objetivo 30% das vezes.
Segundo Ken Cheng, da Universidade de Macquarie, na Austrália, a pesquisa indica uma aprendizagem “bastante sofisticada”. O neurocientista citado pela revista Nature explicou que os resultados apontam “certamente o que seria chamado de emulação de objetivo”, ou seja, ações em busca de um objetivo, e não apenas a imitação.
Os insetos também são capazes de aprimorar o que são ensinadas, indica o estudo. A abelha treinada leva a bola que está mais longe do centro, já que as outras estão coladas na plataforma. Depois, as três bolas ficam soltas, e as abelhas observadoras, em vez de apenas copiar o que haviam visto, escolheram levar a bola que estava mais perto do centro.
Apesar de já ter sido comprovado que insetos são capazes de tarefas cognitivas, é a primeira vez que um estudo demonstra a capacidade dos insetos de realizarem funções tão diferentes das suas funções normais, afirmam os pesquisadores responsáveis pelo estudo Olli J. Loukola, Clint J. Perry, Louie Coscos e Lars Chittka. O fato de terem aprendido uma habilidade complexa só através da observação e sem passar por um longo treinamento incremental também foi algo inédito.
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'Futebol' de abelhas: insetos são capazes de aprender observando colegas, indica estudo
Além disso, o estudo aponta a importância do fator social, já que as abelhas ensinadas por outra colega tiveram em desempenho melhor que o de outras abelhas, que observaram a bola ser levada por um ímã ou não tiveram nenhum tipo de demonstração. “A informação social ajudou tremendamente”, afirmou Perry, neurologista cognitivo da Universidade Queen Mary.
“Isso realmente enfatiza a ideia de que cérebros pequenos não são necessariamente mais simples”, afirmou Perry. “Esses cérebros em miniatura podem realizar muito mais do que pensávamos”.