Atualizada às 16h39
Os franceses voltam às urnas neste domingo (18/06) na última etapa do – longo – processo eleitoral do país para eleger, em segundo turno, seus representantes na Assembleia Nacional. Os resultados da primeira volta, na última semana, deram ampla vitória ao partido do presidente Emmanuel Macron, o República em Marcha! e a agremiação, que não existia dois anos atrás, deve ser confirmada a maior força do parlamento com uma maioria histórica.
O próprio Macron ganhou a eleição presidencial em cima de Marine Le Pen, eurocética do partido de extrema-direita Frente Nacional. A vitória do hoje presidente afastou ao menos temporariamente a possibilidade, representada por Marine, de outro país iniciar o processo para sair da União Europeia.
Resultados semelhantes em Reino Unido, Holanda, e Itália – e a até agora sólida vantagem do partido da chanceler alemã Angela Merkel nas pesquisas – podem estar apontando uma tendência na Europa. Seriam essas as respostas de eleitores a políticas isolacionistas? Estamos assistindo a um recuo da extrema-direita?
O exemplo da França é, talvez, o mais claro – e, dada a importância do país no cenário do continente, o mais interessante – sinal disso. Após o fim da eleição presidencial, pesquisas apontavam que a Frente Nacional se posicionava como segunda força no Parlamento, desbancando outros partidos tradicionais.
Uma concretização deste cenário poderia mostrar que, apesar da derrota na presidencial, os eleitores enxergavam, a modelo dos britânicos, um caminho extremo à direita. No entanto, a própria Frente Nacional considerou seu resultado ruim: terceiro lugar em votos gerais, conquistando, no máximo, 10 assentos. O República em Marcha! (também de direita, mas com posições menos radicais que a Frente Nacional) caminha para obter, no mínimo, 415 dos 577 assentos.
É importante lembrar, no entanto, que Marine Le Pen obteve pouco menos de 40% dos votos, o melhor resultado da extrema-direita francesa na história.
Reino Unido
Até entre os britânicos, que votaram pela saída da União Europeia, houve surpresas. A primeira-ministra conservadora Theresa May, tinha maioria no Parlamento, mas decidiu convocar novas eleições para conseguir o que chamou de “mandato” nas negociações do Brexit, em uma maneira de tentar ganhar legitimidade para uma saída dura da UE, deixando o mercado comum e dificultando a imigração de membros dos países do bloco.
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Agência Efe
Partido de Marine le Pen teve resultado desastroso em eleições parlamentares na França
Quando May anunciou as eleições, há cerca de dois meses, as pesquisas apontavam que ela conseguiria uma maioria somente vista na época de Margaret Thatcher, no final da Guerra Fria e em um ambiente de polarização entre EUA e União Soviética.
No dia 8, quando as urnas foram abertas, a surpresa: os Conservadores perderam a maioria; May, o “mandato” que tanto queria; e o apoio ao Brexit duro. As negociações para a saída começam já nesta semana, e a premiê chega com muito menos poder de fogo.
Além disso, o Ukip, o partido de extrema-direita do Reino Unido, perdeu o único assento que havia obtido nas eleições de 2015, além de ter reduzido sua votação para 1,8% do total – contra os 12,6% de dois anos atrás.
Na Itália, eleições municipais e estaduais realizadas no mesmo dia das legislativas da França mostraram caminho semelhante. No ano passado, pleitos municipais deram a vitória ao Movimento Cinco Estrelas (M5S), de plataforma anti-imigração, em cidades importantes Roma e Turim. Neste ano, no segundo turno, não haverá nenhum candidato do M5S.
Por sua vez, na Holanda, o PVV, do líder xenófobo Geert Wilders, terminou as eleições de março em segundo lugar, quase empatado com o terceiro colocado. O resultado seria espantoso se, até duas semanas antes, a sigla não estivesse liderando as pesquisas.
Já na Alemanha, Merkel tem sido vista como uma garantidora da União Europeia. Mesmo assim, assistiu, nos últimos anos, surgir um movimento de extrema-direita com força especialmente em regiões do leste alemão. Parente direto dos grupos anti-imigração, a AfD (Alternativa para Alemanha) se coloca como uma espécie de Frente Nacional, com posturas xenófobas e antieuro.
Se as pesquisas se confirmarem, a AfD deve entrar no Bundestag, o Parlamento da Alemanha, mas com uma força menor do que inicialmente se pensava. E Merkel, que tinha visto sua popularidade derreter após a crise dos refugiados, voltou a liderar os levantamentos de intenção de voto
Ainda é cedo para cravar o fim da extrema-direita na Europa, mas é possível que ela não venha com a mesma força que parecia vir após a eleição de Donald Trump nos EUA. A conferir.