O presidente de Cuba, Raúl Castro afirmou em discurso na sessão de encerramento da Assembleia Nacional do Poder Popular cubano nesta sexta-feira (14/07) que o país sofre uma “manipulação” em relação ao tema dos direitos humanos e que não tem que “receber lições” dos Estados Unidos.
“Recusamos a manipulação do tema dos direitos humanos que é feita contra Cuba. O nosso país tem muito de que se orgulhar pelos progressos alcançados e não tem que receber lições dos Estados Unidos nem de ninguém”, disse o líder cubano.
Em seu primeiro pronunciamento público sobre a mudança da política norte-americana de reaproximação diplomática com a ilha, Castro avaliou as medidas de Donald Trump como um “grande retrocesso” e classificou o discurso do norte-americano como “retórica ultrapassada, agressiva e provocatória”.
“As decisões do presidente Trump ignoram o apoio de amplos setores norte-americanos, incluindo a maioria da imigração cubana, à suspensão do bloqueio econômico e à normalização das relações [entre Washington e Havana]”, destacou Raúl.
Agência Efe
Raúl Castro durante discurso na Assembleia Nacional do Poder Popular cubano: 'é possível conviver de maneira civilizada, apesar das profundas diferenças' (14/07)
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O cubano também afirmou que “a administração dos Estados Unidos piorou o bloqueio ao impor novas restrições ao seu empresariado para limitar os investimentos e os negócios, para evitar que os cidadãos norte-americanos viajem a Cuba”.
Raúl Castro ainda comentou a aproximação iniciada no governo de Barack Obama, dizendo que, “com base no respeito”, acordos diplomáticos foram possíveis. “Dez governos passaram pelo poder até que Obama, com o mesmo propósito estratégico, mudou o rumo em 17 de dezembro de 2014. Com base no respeito, foram restabelecidas as relações diplomáticas e avançamos em alguns temas de interesse mútuo. Também se modificaram alguns aspectos limitados do bloqueio econômico, demonstrando que é possível conviver de maneira civilizada, apesar das profundas diferenças”, disse o presidente cubano.
Retrocesso
Pouco mais de dois anos após a reaproximação histórica entre Cuba e EUA, anunciada no fim de 2014 pelos governos de Raúl Castro e de Barack Obama, o atual mandatário norte-americano, Donald Trump, revogou em junho passado parte das medidas estabelecidas por Obama em relação à ilha.
“Não suspenderemos as sanções a Cuba até que todos os prisioneiros políticos sejam livres, todos os partidos políticos estejam legalizados e sejam programadas eleições livres e supervisionadas internacionalmente”, disse.
Em resposta, o governo cubano disse que segue aberto ao diálogo com Washington, mas que “não negociará seus princípios nem aceitará condicionamentos”.
“Não será um decreto presidencial norte-americano que irá desviar o rumo soberano de Cuba”, disse o ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla. “Cuba não realizará concessões inerentes a sua soberania e independência, não negociará seus princípios nem aceitará condicionamentos, como nunca o fez ao longo da história da Revolução”, acrescentou.