A organização da campanha da Assembleia Nacional Constituinte (ANC) venezuelana, impulsionada pelo governo Nicolás Maduro, questionou nesta segunda-feira (17/07) os resultados apresentados pela oposição do plebiscito informal realizado ontem contra a ANC e o governo.
Segundo os organizadores da votação, 7.186.170 pessoas votaram no pleito que aconteceu à revelia do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) venezuelano e não foi monitorado nem pode ser auditado, já que as cédulas foram queimadas na noite de ontem sob a justificativa de que os eleitores poderiam ser perseguidos.
Mais de 98% dos votantes teriam se manifestado contra a realização da ANC e a favor de um governo de transição, com a destituição de Maduro e novas eleições.
Jorge Rodríguez, chefe de campanha da Assembleia Constituinte e membro do governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), declarou que os membros da equipe de contagem do referendo “multiplicaram por três” os votos reais obtidos neste processo não reconhecido pelo governo.
De acordo com Rodríguez, foram contadas como votos separados as marcações de “sim” de cada uma das três perguntas do referendo, que pedia, além da rejeição à Constituinte e novas eleições, que a FANB (Força Armada Nacional Bolivariana) responda ao Parlamento, controlado pela oposição.
Agência Efe
Segundo os organizadores da votação, 7.186.170 pessoas votaram no pleito que aconteceu à revelia do CNE (Conselho Nacional Eleitoral)
Ele também apontou que várias pessoas votaram mais de uma vez em diferentes seções, como os próprios organizadores do pleito haviam admitido que seria possível, já que não havia um controle sistematizado dos eleitores. Rodríguez também afirmou que votaram crianças e estrangeiros sem a nacionalidade venezuelana.
“No registro eleitoral de venezuelanos no exterior há 101 mil pessoas, mas segundo a oposição, votaram 693 mil pessoas” fora do país, disse. “Sem registro eleitoral, não se pode saber qual foi a participação. Como vão saber se são pessoas diferentes?”, questionou.
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O jornalista Rolando Segura, da rede Telesur, publicou em seu Twitter um vídeo que supostamente mostra como uma pessoa votou três vezes no plebiscito da oposição em três centros de votação diferentes em Caracas:
Vea cómo votante de #VallesDelTuy vino al este #Caracas y apenas 1 hora alcanzó votar en 3 puntos del plebisctito ilegal opositor #Venezuela pic.twitter.com/wUi7Dvp71W
— Rolando Segura (@rolandoteleSUR) 17 de julho de 2017
O plebiscito informal da oposição aconteceu neste domingo em paralelo ao teste geral da eleição da ANC, organizado pela Justiça Eleitoral venezuelana. Rodríguez celebrou a “massiva participação” da população, mas não divulgou o número de eleitores que foram às urnas oficiais na simulação.
“Com sua massiva participação no ensaio eleitoral constituinte, o povo da Venezuela disse sim à paz, ao diálogo, e não a mais violência e linchamentos, nem mortes de jovens”, afirmou, em referência aos atos violentos em protestos opositores que deixaram mais de 90 mortos no país desde o fim de março.