Atualizada às 19:35
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (18/07) sanções contra 18 indivíduos e entidades iranianas, um dia após ter certificado perante o Congresso que o Irã segue cumprindo as condições do pacto que assinou com seis potências em 2015 para limitar seu programa nuclear.
Os departamentos do Tesouro e de Estado alegaram que as pessoas e entidades foram sancionadas por “apoiar o programa de mísseis balísticos do Irã, as atividades militares iranianas ou a Guarda Revolucionária Islâmica [divisão do Exército iraniano], assim como organizações criminosas transnacionais baseadas no Irã”.
O governo norte-americano “continuará atacando agressivamente a atividade maligna do Irã, incluindo o seu apoio estatal em curso ao terrorismo, o seu programa de mísseis balísticos e os abusos de direitos humanos”, afirmou em comunicado o secretário do Tesouro, Steve Mnuchin.
Os ativos nos EUA dos 18 indivíduos e entidades sancionados com estas sanções ficam congelados e os afetados também estão proibidos de fazer transações com norte-americanos.
Apesar da certidão enviada ontem ao Congresso sobre o cumprimento iraniano do acordo nuclear, funcionários da Casa Branca afirmaram ontem que Teerã está em “indiscutível incumprimento do espírito do Plano Integral de Ação Conjunta (JCPOA, na sigla em inglês)”, como é denominado o pacto.
“O secretário de Estado (Rex Tillerson) e o presidente (Donald Trump) querem enfatizar que o Irã segue sendo uma das maiores ameaças para os interesses norte-americanos e para a estabilidade” no Oriente Médio, apontaram os funcionários sob condição de anonimato.
Segundo o jornal The New York Times, a certidão desta segunda-feira (17/07) foi confirmada apesar da oposição do próprio Trump, crítico aberto do governo iraniano e contrário ao acordo nuclear de 2015.
Agência Efe / Arquivo
Hassan Rouhani, presidente do Irã; país classificou novas sanções como 'inválidas' e 'ilegais'
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O presidente norte-americano aguarda uma revisão do pacto nuclear que encomendou para fixar sua estratégia futura. De acordo com o jornal The Washington Post, essa revisão deve estar concluída antes de meados de outubro, quando se completa de novo o prazo de 90 dias para que os EUA certifiquem se o Irã segue cumprindo sua parte do acordo nuclear.
Sanções são 'inválidas' e 'ilegais', diz Irã
O Irã respondeu classificando as sanções como “inválidas” e “ilegais” e anunciando suas próprias sanções “contra pessoas e entidades norte-americanas que agiram contra o povo iraniano e outros povos muçulmanos na região”.
Os EUA “querem enfraquecer a capacidade e a força do regime islâmico”, disse o general Amir Ali Hajizadeh, que lidera o programa aéreo e de mísseis da Guarda Revolucionária. O Parlamento iraniano reagiu às sanções norte-americanas autorizando financiamento extra para o programa de mísseis e para o setor de operações internacionais da Guarda.
O ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse que o país levará suas queixas sobre o não cumprimento do acordo nuclear pelos EUA ao encontro das cinco potências nucleares – Reino Unido, China, França, Rússia e EUA – mais a Alemanha, garantes do pacto, que será realizado nesta sexta-feira (21/07) em Viena.
Zarif acusou o governo Trump de não cumprir com a suspensão das sanções, como previa o acordo. Ele também disse que não houve comunicação entre ele e o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, enquanto sempre negociou com John Kerry, que ocupava o cargo no governo de Barack Obama.
“Isso não significa que não possa ter [comunicação]. As possibilidades de aproximação sempre estiveram abertas”, disse Zarif em Nova York, segundo a agência de notícias AFP.
*Com Agência Efe