O governo de Israel anunciou neste domingo (06/08) que pretende fechar os escritórios da emissora Al Jazeera em Jerusalém e revogar todas as credenciais dos jornalistas do canal “em breve”.
Em um comunicado assinado pelo ministro das Comunicações, Ayub Kara, o governo afirma que a medida também afetaria a versão em inglês de uma das maiores emissoras do mundo árabe.
A tensão entre as duas partes se acirrou por dois motivos. A primeira razão é pela acusação de diversos países árabes de que a emissora do Catar “patrocina” grupos terroristas, em um boicote que já dura semanas ao governo daquele país.
O segundo tem a ver com a cobertura da Al Jazeera dos recentes conflitos entre palestinos e israelenses na Esplanada das Mesquitas – ou Monte do Templo para os judeus. A emissora catariana tem uma linha editorial de apoio à Palestina. Recentemente, Benjamin Netanyahu, premiê de Israel, acusou a Al Jazeera de “incitar a violência” com sua cobertura crítica ao tratamento do governo israelense aos palestinos.
“Estamos para adotar algumas medidas para evidenciar a nossa luta contra o terrorismo e contra o Islã extremista, além de nosso apoio ao mundo árabe”, disse Kara ressaltando que, para excluir a emissora, precisará haver uma aprovação de uma nova lei. Caso essa nova legislação não seja aprovada, Israel deve fazer o que “está ao seu alcance” e revogar as credenciais de quem trabalha na empresa.
“Chegamos à conclusão que a segurança e a preservação de nossos cidadãos prevalecem sobre a liberdade de expressão. A liberdade de expressão não pode jamais ser a liberdade de incitação. A democracia também tem seus limites”, acrescentou.
Agência Efe
Redação da emissora Al Jazeera em Jerusalém; Israel anunciou que irá revogar credenciais de jornalistas da emissora no país
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Desde o dia 5 de junho, o Catar e as empresas do país sofrem com um bloqueio de vários países árabes, liderados pela Arábia Saudita, que acusam o governo daquela nação de apoiar grupos terroristas – o que Doha nega.
Federação Internacional de Jornalistas critica Israel
A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) classificou nesta segunda-feira (07/08) como “caça às bruxas” a decisão do governo de Israel de fechar os escritórios da Al Jazeera em Jerusalém.
“A decisão das autoridades israelenses de fechar os escritórios Al Jazeera em Jerusalém e retirar as credenciais dos seus jornalistas sob uma acusação geral de apoiar a violência é um ataque à liberdade de imprensa e à liberdade da informação”, declarou o presidente da IFJ, Philippe Leruth, em comunicado.
Segundo a IFJ, as autoridades israelenses podiam ter exercido o seu “direito a réplica” no caso de considerar que “alguma informação difundida pela Al Jazeera era errônea”.
“Ao decidir não fazer isto e, por outro lado, se somar à campanha internacional contra a Al Jazeera, dão a impressão de que o que querem é silenciar uma voz que não os agrada, o que é contrário aos valores democráticos que representam”, acrescentou a Federação.
A IFJ destacou que o Sindicato de Jornalistas Palestino, filiado a eles, denunciou que a decisão de Israel é “uma grave violação da liberdade de expressão e do direito dos jornalistas a trabalhar”.
*Com ANSA e Agência Efe