A perspectiva de uma guerra comercial entre os Estados Unidos e China voltou a assustar os mercados internacionais nesta quarta-feira (04/04). Num intervalo de poucas horas, Washington e Pequim anunciaram novos aumentos nas tarifas de importação que deverão gerar prejuízos bilionários de ambos os lados.
Nesta terça-feira, o governo norte-americano anunciou um imposto adicional de 25% sobre produtos importados chineses no valor de 50 bilhões de dólares. Horas mais tarde, o Ministério chinês do Comércio reagiu na mesma moeda, criando novas tarifas sobre produtos norte-americanos, também de 25% e no valor de 50 bilhões de dólares.
Os itens afetados pela medida chinesa incluem automóveis, soja, produtos químicos, derivados de milho e aeronáuticos. Tarifas adicionais também serão acrescentadas sobre produtos como tabaco, whisky, alguns tipos de carnes, lubrificantes, propano e outros produtos plásticos e afetarão também as importações de sucos de laranja, algodão, certos tipos de trigo, caminhões, veículos SUV e alguns modelos elétricos.
Washington, por sua vez, divulgou uma lista com 1,3 mil produtos chineses que deverão ser submetidos ao novo aumento tarifário, incluindo produtos de automação industrial e equipamentos de telecomunicações. A medida seria uma retaliação à exigência imposta por Pequim a empresas estrangeiras, que devem entregar ao país suas tecnologias.
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picture alliance/dpa/O. Spata
Terminal de contêineres no porto de Xangai, na China
O governo norte-americano entende que a China adotou essa tática como parte de seus esforços para se tornar uma das maiores potências tecnológicas mundiais. A medida imposta por Pequim obriga essas companhias a licenciar suas tecnologias na China em termos considerados desfavoráveis.
Na segunda-feira, a China havia imposto novas tarifas sobre as importações norte-americanas no valor de 3 bilhões de dólares, como reação às sobretaxas estabelecidas pelo governo norte-americano sobre produtos de aço e alumínio. Tais medidas chinesas afetam um conjunto de 128 produtos, entre eles frutas, frutas secas e vinho, que terão tarifa de 15%, enquanto produtos suínos e afins receberão aumento de 25%.
Antes do anúncio desta quarta-feira, o Ministério chinês do Comércio havia dito que “condena com veemência e se opõe com firmeza” às tarifas norte-americanas e alertou que preparava “medidas semelhantes sobre produtos norte-americanos na mesma escala”.
As novas tarifas anunciadas pelos EUA serão submetidas a um processo consultivo que inclui audiências marcadas para o dia 15 de maio. Grupos lobistas de empresas e consumidores terão a oportunidade de trabalhar para que alguns desses produtos sejam removidos da lista ou para que outros sejam acrescentados a ela.
A data em que as medidas adotadas por Pequim entrarão em efeito vai depender de quando o mesmo ocorrerá com as novas tarifas impostas por Washington.
RC/dpa/afp/ap/rtr