A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakarhova, afirmou nesta quarta-feira (23/05) que Moscou considera “absolutamente inaceitáveis” as condições que os Estados Unidos impuseram para um eventual novo acordo nuclear, sem o qual aplicará sanções contra o Irã.
“Preocupa que em Washington cresce como uma bola de neve a campanha contra o Irã. Dá a impressão que os Estados Unidos se decantaram definitivamente pela política de ameaças ao Irã”, disse a porta-voz.
Entre as condições impostas pelos Estados Unidos, segundo o secretário de Estado Mike Pompeo, estão o abandono “permanente” do âmbito militar do programa atômico do Irã, o acesso da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) às instalações nucleares do país e o fim do enriquecimento de urânio. Além disso, Washington quer que Teerã acabe com o programa de desenvolvimento de mísseis balísticos.
De acordo com Zarakhova, a Rússia considera “ilegítima” a reinstalação de sanções após a saída do acordo nuclear. Moscou, diz, “tem a intenção de seguir no caminho da cooperação multilateral”.
Acordo
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou no dia 8 de maio que o país sairia do acordo nuclear com o Irã. Desde outubro de 2017, quando se negou a certificar que o pacto era “coerente” com os interesses de segurança nacional dos EUA, o mandatário já dava sinais de que pretendia deixar o tratado, mesmo que diversos inspetores internacionais defendessem que Teerã estava respeitando seu compromisso de não fabricar bombas atômicas.
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Segundo porta-voz russa, condições dos EUA são 'inaceitáveis'
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Na ocasião, Trump afirmou que o Irã violou regras “várias vezes” e não estava “cumprindo o espírito” do pacto. “Quanto mais nós ignorarmos uma ameaça, mais perigosa ela é”, afirmou.
Alguns dos demais signatários fizeram reiterados pedidos para que Trump não deixasse o acordo. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, chegou a afirmar que o Oriente Médio iria mergulhar em uma guerra devastadora caso o presidente norte-americano se retirasse do pacto.
O acordo, em vigor desde outubro de 2015, mas aplicado de fato em janeiro de 2016 após a AIEA certificar que o programa nuclear iraniano tem fins pacíficos, prevê que o Irã não possa fabricar bombas atômicas.
Em troca, sanções de países e da ONU relacionadas ao programa nuclear do Irã foram retiradas imediatamente, incluindo as aplicadas aos setores de finanças, comércio e energia. Bilhões de dólares de bens congelados também foram liberados.
Além de Irã e EUA, o pacto tem como signatários a China, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e União Europeia. Todos os países dizem que o tratado está sendo respeitado por Teerã.