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Piotr Ilich Tchaikovsky, eclético compositor do auge do romantismo, morre em São Petersburgo, em 6 de novembro de 1893, vítima de tifo.
Sua obra de inspiração ocidental, à diferença de seus compatriotas contemporâneos, contém elementos exóticos mas não deixa de valer-se também de melodias folclóricas nacionais. Compôs em todos os gêneros mas é na música orquestral em que expõe todo o enorme talento a par de um senso melódico inspirado. Emprestou nobreza à música de balé, dando dimensão sinfônica a um gênero considerado menor. Encarnou a figura dominante do romantismo do século XIX com toda a sua vitalidade popular.
Segundo de seis filhos, nasce em Votkinsk em 7 de maio de 1840, no seio de uma família endinheirada, sem qualquer ligação com a música. Seu pai, engenheiro, dirigia as instalações mineiras do Estado em Kamsko-Votkinsk, no Ural. Foi uma governanta francesa quem lhe deu as primeiras lições de música.
Em 1863 se matricula no Conservatório de São Petersburgo, instituição sob os auspícios da Sociedade Russa de Música e direção de Anton Rubinstein. Cursa composição, orquestração, flauta e órgão e no final dos estudos apresenta uma cantata sobre verso “An die Freunde”, de Schiller.
Em Moscou, Nicolas Rubinstein, irmão de Anton, funda o conservatório e convida Tchaikovsky a lecionar harmonia.
Em 1867, compõe sua 1ª Sinfonia, apresentada com algum sucesso em 3 de fevereiro de 1868. No mesmo ano encontra-se com os músicos do “Grupo dos Cinco” – Mussorgsky, César Cui, Rimsky Korsakov, Balakirev e Borodin – que acolhem favoravelmente sua música. No entanto, não demora para se criar um fosso artístico entre eles.
Sua primeira ópera, Voivode sobre libreto de Alexandre Ostrovski, criada em 1869, tem pouco êxito. No mesmo ano compõe o poema sinfônico Fatum e conclui sua segunda ópera Ondine sobre libreto de La Motte-Fouqué.
Em 1870, Balakirev lhe encomenda um poema sinfônico. Compõe então Romeu e Julieta que obtém grande sucesso.
Em 1875 compõe o Concerto nº 1 para piano – que viria se tornar amplamente conhecido – e o dedicou a Nicolas Rubinstein, que criticou severamente a obra: “Como você, meu caro, quer que eu dê atenção aos detalhes, se sua música me repugna em seu conjunto?”.
Contrariado, Tchaikovsky envia a obra a Hans von Bülow que a executa em Boston com sucesso. Revendo seu julgamento, Rubinstein acaba incluindo-a em seu repertório.
Tem início então uma importante correspondência , que marcou sua vida, com Nadejda von Meck, uma rica viúva, mãe de 11 filhos, que gostava de tocar música e reunia jovens em sua casa para organizar um ambiente musical.
Em 1876, recebe uma encomenda de balé para o Teatro Imperial e compõe “O Lago dos Cisnes” sobre um libreto de V. Begichev e V. Geltzer. A apresentação do balé em 20 de fevereiro de 1877 no Bolshoi de Moscou resultou em fracasso, o que o fez retirar a obra do repertório por muitos anos.
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Homossexual, porém envergonhado, decide apresentar-se à sociedade com “imagem respeitável”. Casa-se em 18 de julho de 1877 com uma ex-aluna, Antonina Miliukova. A união resulta num fiasco lamentável e Rubinstein é chamado para negociar uma separação amigável.
Nadejda von Meck resolve conceder-lhe uma pensão anual de 6 mil rublos, o que lhe permite levar uma vida de compositor e maestro em tempo integral.
Dedica sua 4ª Sinfonia à sra. von Meck, conclui a ópera Eugênio Oniéguin sobre texto de Pushkin e o célebre “Concerto para Violino e Orquestra em ré maior”. Viaja a Paris em 1885, onde se encontra com o editor Félix Mackar com o fim de publicar toda a sua obra.
A partir de 1886 começa a se apresentar como regente. Faz uma turnê pela Europa em 1888 e suas composições são acolhidas triunfalmente.
Em 1889, o dançarino e coreógrafo francês Marius Petipa lhe encomenda um novo balé tendo como argumento “A Bela Adormecida”, de Charles Perrault.
Em 1890 Nadejda von Meck suspende a pensão em razão de dificuldades financeiras. Especulou-se que ela teria tomado conhecimento da sexualidade do compositor e ficado chocada, pois suspendeu também a correspondência. É possível também que teria ficado desgostosa com uma grosseria de Tchaikovsky que lhe havia pedido juntar as contribuições mensais numa só, o que lhe permitiria comprar uma casa em Paris.
Em 31 de dezembro, apresenta sua ópera “A Dama de Paus”, libreto de seu irmão Modesto segundo poema de Pushkin.
A turnê pelos Estados Unidos em 1891 é triunfal. Participa em 5 de maio da inauguração do Carnegie Hall regendo suas obras. No mesmo ano, Petipa lhe encomenda outro balé, o “Quebra-Nozes”, segundo um conto de Hoffmann. O Balé estreia no teatro Marinsky de São Petersburgo em dezembro de 1892 com enorme sucesso.
Em 1893, compõe a 6ª Sinfonia, conhecida como “Patética”, sua obra definitiva, de extrema beleza. É o período em que estava obcecado pela ideia do homem lutando contra o seu destino. O primeiro movimento é revestido de uma dor intensa, uma luta sem piedade contra a morte. No terceiro movimento uma réstia de esperança parece renascer. O quarto e último movimento é um adágio lamentoso, verdadeiro réquiem, a morte traduzida em música. É o ápice do romantismo e do poder de sugestão.
Conta-se que, quando da estreia da obra no teatro Marinsky em São Petersburgo, Tchaikovsky jazia em seu leito de morte, vindo a falecer naquela mesma noite. A notícia do falecimento do compositor chega ao teatro exatamente no intervalo do terceiro para o quarto movimento. O maestro vira-se para a plateia e anuncia solenemente: “O nosso Tchaikovsky acaba de nos deixar”. Levanta a batuta e a orquestra executa o “adágio lamentoso”. O silêncio do público é absoluto. No entanto a emoção é tal que soluções abafados por lenços são ouvidos por toda a grande sala.
Também nessa data:
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