* Atualizada às 6h do dia 24 de dezembro de 2014
“Depois de procelosa tempestade,
Noturna sombra e sibilante vento,
Traz a manhã serena claridade,
Esperança de porto e salvamento;
Aparta o sol a negra escuridade,
Removendo o temor do pensamento …“
Os Lusíadas, Luis Vaz de Camões
Vasco da Gama, navegador e explorador português, morre de malária na cidade indiana de Cochim, na véspera do Natal de 1524, tendo ali sido enterrado. Ele se destacou na Era dos Descobrimentos por ter sido o comandante das primeiras naus a navegar da Europa para a Índia, na mais longa viagem oceânica até então realizada. Só mais tarde foi trasladado para Portugal e sepultado na Capela da Vidigueira. Seus restos mortais foram por fim depositados no Mosteiro dos Jerônimos, Lisboa, em 1880, onde repousam até hoje.
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Caminho de Vasco, na cor preta. Os demais percursos, todos anteriores e em cores diferentes, não conseguiam passar o então temido “Cabo das Tormentas”
Vasco da Gama nasceu em Sines em 1468 ou 1469, terceiro de seis irmãos, filho de Estevão da Gama, alcaide-mor de Sines.
Pouco se conhece sobre a juventude de Vasco, todavia sabe-se que em 1480 foi admitido na Ordem de Santiago, tendo recebido a tonsura. Mais tarde aparece como fidalgo de El-Rei, fato mencionado por Garcia de Resende na Crônica de D. João II.
Deve-se ao perfil de Vasco da Gama, principalmente sua diligência e capacidade de comando, adequadas ao desempenho de uma missão com contornos políticos, militares, diplomáticos e comerciais bem definidos, a explicação para o fato de ter sido nomeado para chefiar a primeira armada portuguesa destinada à Índia.
Manuel I de Portugal confiou a Vasco da Gama o cargo de capitão-mor da frota que, em um sábado de 8 de Julho de 1497, zarpou de Belém em demanda da Índia.
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As naus de Vasco da Gama, São Rafael, acima; São Gabriel,
comandada por ele (abaixo à direita); e a menor Bérrio, à direita
Era uma expedição essencialmente exploratória que levava cartas do rei D. Manuel I para os reinos a visitar, e que fora equipada por Bartolomeu Dias com alguns produtos que haviam provado ser úteis nas suas viagens, para as trocas com o comércio local. O único testemunho presencial da viagem consta de um diário de bordo anônimo, atribuído a Álvaro Velho.
Contava com cerca de 170 homens, entre marinheiros, soldados e religiosos, distribuídos por quatro embarcações: São Gabriel, a nau capitânia de 27 metros de comprimento e 178 toneladas, construída especialmente para esta viagem; assim como São Rafael, de dimensões semelhantes à São Gabriel, comandada por Paulo da Gama, seu irmão; Bérrio, uma nau ligeiramente menor que as anteriores, oferecida por D. Manuel de Bérrio, seu proprietário, sob o comando de Nicolau Coelho; e São Miguel, uma nau para transporte de mantimentos, sob o comando de Gonçalo Nunes.
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A expedição partiu de Lisboa, acompanhada no trecho inicial por Bartolomeu Dias que navegava numa caravela, seguindo a rota já experimentada pelos anteriores exploradores ao longo da costa de África, através de Tenerife e do arquipélago de Cabo Verde. Após atingir a costa da atual Serra Leoa, Vasco da Gama desviou-se para o sul em mar aberto, cruzando a linha do Equador, em demanda dos ventos vindos do oeste do Atlântico Sul, que Bartolomeu Dias já havia identificado desde 1487.
Esta manobra de “volta ao mar” foi bem sucedida e, a 4 de Novembro de 1497, a expedição atingiu novamente o litoral africano. Dobrou o Cabo da Boa Esperança em 18 de novembro. Lembrou Vasco da Gama que Bartolomeu Dias, de sua nau capitânia, contemplara o cabo, mar calmo e tempo claro, em 3 de fevereiro de 1488: “Dizem que este é o Cabo das Tormentas. Tormentoso, mas porque, se a tormenta já lá vai. Assinalas o caminho para a Índia, por isso vou chamar-te da Boa Esperança …”.
Após mais de três meses, os navios tinham navegado mais de 6.000 quilômetros de mar aberto, a viagem mais longa até então realizada em alto mar. A 16 de dezembro, a frota já tinha ultrapassado o chamado “rio do Infante”, de onde Bartolomeu Dias havia retornado, e navegou em águas até então desconhecidas.
A 2 de Março de 1498, completando o contorno da costa africana, a armada chegou à costa de Moçambique, após haver sofrido fortes temporais e de Vasco da Gama ter sufocado com mão de ferro uma revolta da marinhagem. Os territórios da costa leste eram controlados por muçulmanos que integravam a rede de comércio no Oceano Índico. Em Moçambique encontram os primeiros mercadores indianos. Inicialmente são bem recebidos pelo sultão, porém, após uma série de mal entendidos, foram forçados por uma multidão hostil a fugir de Moçambique.
Os portugueses tornaram-se conhecidos como os primeiros europeus a visitar o porto de Mombaça, na costa da atual Quênia.
Em fevereiro de 1498, Vasco da Gama seguiu rumo norte, desembarcando no amistoso porto de Melinde, onde foi bem recebido pelo sultão que lhe forneceu um piloto árabe, conhecedor do Oceano Índico e do movimento dos ventos de monções, o que permitiu guiar a expedição até Calcutá, na costa sudoeste da Índia.
A viagem inaugural do que viria a ser conhecido como a “Carreira da Índia” abriu uma rota direta entre Europa e Oriente e proporcionou a Vasco da Gama inúmeros benefícios: o rei d. Manuel, agradecido, emite um álvará em 1499 e no ano seguinte lhe é conferido o direito de usar o título de dom. É momeado Almirante do Mar da Índia com as mesmas honras e rendas ao de Almirante de Portugal.
Vasco da Gama casa-se com Catarina da Silva, filha do alcaide de Alvor, com quem teve sete filhos.
Em 1502 inicia sua segunda viagem ao Oriente. Em 27 de fevereiro de 1524 é nomeado o sexto governador do Estado Português da Índia, no comando de uma poderosa armada com 3 mil homens, com o objetivo expresso de consolidar a presença portuguesa na Índia. Seu governo duraria apenas três meses, sem qualquer medida significativa.
Também nessa data:
1865 – É fundada a comunidade racista Ku Klux Klan
1942 – Ministro da Marinha da França é assassinado em Argel
1951 – Proclamada a independência da Líbia
1979 – União Soviética invade Afeganistão