Em 26 de janeiro de 1654, após o cerco de Recife, os holandeses residentes em Pernambuco capitularam diante dos portugueses. Era o fim do ‘‘Brasil Holandês’’, uma aventura que durou oficialmente 24 anos.
Após a morte do rei de Portugal, Dom Sebastião, o rei da Espanha, Filipe II, tornou-se igualmente rei de Portugal, em 1580. O pequeno reino lusitano e suas colônias, entre elas o Brasil, encontraram-se inapelavelmente implicados na Guerra de Oitenta Anos, entre as Províncias Unidas, o nome à época do Reino dos Países Baixos, a Holanda, contra a Espanha.
Num primeiro momento, alguns holandeses colocam o pé no Brasil e lançam escaramuças sem qualquer consequência. A fundação da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, em 1621, marcou uma guinada: os holandeses organizaram expedições cada vez mais importantes e melhor organizadas contra o Brasil, tendo por objetivo a conquista das plantações de cana de açúcar.
Em 10 de maio de 1624, tropas holandesas tomaram Salvador, na Bahia, mas de lá são expulsas um ano mais tarde. Cinco anos depois, uma nova expedição dirigiu-se desta vez contra Pernambuco. A campanha foi bem sucedida e, entre 1630 e 1635, os holandeses conquistam toda a região costeira em torno de Recife e Olinda.
Para administrar Pernambuco, a Companhia enviou uma importante figura, João Maurício de Nassau, com o título de governador. Nassau logo demonstrou suas grandes ambições em relação à colônia. Logo de início empreendeu a conquista de Angola, na África Austral, a fim de controlar o tráfico de escravos. Em seguida, reorganizou a administração e tenta ganhar para si os portugueses, baseado numa política de abertura e de tolerância religiosa. Fundou igualmente uma cidade, Maurícia (atual Recife).
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Incursões holandesas na então colônia portuguesa duraram 24 anos, em consequência direta da União Ibérica
João Maurício de Nassau, eminente representante da Idade de Ouro holandesa, convidou pintores para tornar conhecida na Europa a nova colônia em terras americanas.
Entretanto, o surgimento de tensões com a Companhia, desejosa de auferir lucros máximos em curto prazo, obrigou o ilustre governador a regressar em 1644 aos Países Baixos.
Os holandeses, porém, não conseguiram se instalar duradouramente na região: suas plantações mantiveram rendimento inferior àquelas dos portugueses e o fluxo de imigrantes mostrava-se insuficiente. Além do mais, os brancos do Brasil, apoiando-se nos indígenas e nos negros, levaram a cabo uma guerra de desgaste contra os holandeses, considerando-os heréticos.
Em paralelo, os portugueses, que haviam recuperado sua independência da Espanha, retomaram Angola, em 1648. A partir de então, o Brasil Holandês derretia como neve ao sol até desaparecer completamente com a capitulação, em janeiro de 1654.
Ao deixar a colônia, os holandeses, não obstante, levaram consigo as técnicas de fabricação do açúcar, que iriam desenvolver nas Antilhas Holandesas. Uma feroz concorrência se estabeleceu entre as Antilhas e o Brasil na produção e exportação do produto, o que levou a uma dramática queda de preços.
Os holandeses, por sua vez, deixaram ao sair alguns pôlderes – planície protegida por diques contra inundações e utilizada na agricultura e na habitação – na bacia inferior do rio São Francisco.
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