O Velho e o Mar (The Old Man and the Sea, no original em inglês) é um romance de Ernest Hemingway (1898-1961), escrito em Cuba, em 1951, e publicado em 4 de março de 1952.
Foi a última grande obra de ficção do escritor norte-americano a ser publicada ainda durante a sua vida, sendo também uma das suas mais famosas.
Conta a história de um velho pescador que luta com um peixe gigante em alto mar por entre a Corrente do Golfo. Apesar de ter sido alvo de apreciações muito divergentes por parte da crítica, é uma obra que permanece como referência entre os livros de Hemingway, tendo reafirmado a importância do autor a tempo de o qualificar para o Prêmio Nobel de Literatura de 1954.
Depois de passar quase três meses sem fisgar um peixe, escarnecido pelos colegas de profissão, o velho Santiago promete acabar com a sua onda de azar. Sua sorte tem a forma de um peixe espada gigante, o maior peixe que já pescara.
Enfrenta o alto-mar, sozinho, em seu pequeno barco. Queria provar aos outros e a si mesmo que ainda era um bom pescador. É em completa solidão que ele travará uma luta de três dias com aquele peixe imenso, um animal quase mitológico, que lembra um ancestral literário, a baleia Moby Dick.
À medida que o combate se desenvolve, o leitor vai embarcando no monólogo interior de Santiago, em suas dúvidas, sua angústia, sentindo os músculos retesados, a boca salgada e com gosto de carne crua, as mãos úmidas de sangue.
Novela da maturidade de Hemingway, ex-correspondente de guerra e amante das touradas, O Velho e o Mar é a melhor síntese de sua obra e de sua visão de mundo.
Escrito em um estilo ágil e nervoso, máxima depuração da prosa jornalística do autor, o livro explora os limites da capacidade humana diante de uma natureza voraz, onde todos os elementos estão permanentemente em luta.
O Velho e o Mar foi escrito no início da década de 1950, após pesadas críticas recebidas pelo seu último livro, Do Outro Lado do Rio e Entre as Árvores.
O Velho e o Mar trata-se de uma das mais belas histórias escritas sobre a amizade entre um velho e um menino e a relação deles com o mar. Ou, ainda, sobre a superação de todos os limites humanos impostos pela idade. Santiago é um velho pescador que vive numa vila de pescadores, no litoral de Cuba, onde é alvo de gozação dos companheiros. Ele não pesca um peixe há 84 dias e conta apenas com a amizade e solidariedade de Manolin, um garoto a quem ele ensinou o ofício e que foi tirado de seu barco e colocado em outro, pelo pai.
Solitário, ingênuo e sonhador, Santiago tem uma relação fraternal de amizade com o mar, peixes e aves marítimas e se fortalece com as lembranças de um passado cheio de esperanças que compartilha com Manolin.
Em “O Velho e o Mar”, a luta é outra. Não há vingança. Há um velho pescador que, após 84 dias sem nenhuma pesca, fisga um gigantesco peixe-espada e, ao mesmo tempo em que busca dominar o peixe, se desculpa com ele por ser obrigado a matá-lo.
Santiago teme que o peixe descubra que ele é apenas um pescador velho que, no momento, só pode contar com a sua experiência. No mar, assim como na vida, nem sempre vence o mais forte e nem sempre cabe, ao vencedor, o espólio da sua vitória. “Meu Deus, nunca pensei que ele fosse assim tão grande. Mas tenho de matá-lo, murmurou o velho. Em toda a sua grandeza e glória. Embora seja injusto. Mas vou mostrar-lhe o que um homem pode fazer e o que é capaz de aguentar”.
Desta forma, é impossível ler O Velho e o Mar com olhos despretensiosos. Algumas referências apresentadas nos faz divagar sobre a representação que Hemingway dá a Santiago, ao jovem aprendiz, ao “Grande Peixe” e ao último grande obstáculo que atormenta a volta de Santiago para casa.
Hemingway não só criou um romance, mas uma crítica, uma reflexão e um personagem aprofundado em nós mesmos, que nos leva a um mar revolto de sentimentos, reflexões pessoais e sensações, permitindo-nos uma reflexão profunda sobre quem somos e o que fazemos de nossas próprias vidas quando estamos diante de grandes sonhos e difíceis problemas.
*Max Altman (1937-2016), advogado e jornalista, foi titular da coluna Hoje na História da fundação do site, em 2008, até o final de 2014, tendo escrito a maior parte dos textos publicados na seção. Entre 2014 e 2016, escreveu séries especiais e manteve o blog Sueltos em Opera Mundi.