Dois cavaleiros, os irmãos Aunay, são executados em Pontoise, na França, nas condições mais atrozes, em 19 de abril de 1314. Seus crimes foram ter sido amantes de princesas. Constituíram-se nas principais vítimas de um escândalo que obscureceu o último ano do reinado de Filipe, o Belo.
O rei teve vários filhos mas somente quatro atingiram a idade adulta: uma filha, Isabelle, mais tarde rainha da Inglaterra, apelidada de ‘‘A Loba da França’’ e três filhos que, cada qual a seu tempo, iriam ascender ao trono pertencente à dinastia dos Capetos: Luis, Filipe e Carlos.
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Ilustração de 1315 com os principais encolvidos no escândalo (da esq. à dir.): Carlos e Filipe, Isabel, o rei Carlos IV, Luís X e Carlos de Valois
O mais velho, Luis, tinha um caráter bastante difícil, o que lhe valeu o apodo de ‘‘Encrenqueiro’’. Casou-se com Marguerite, filha de Roberto de Borgonha e de Agnes, ela mesma filha de São Luís. Soberba e um pouco irreverente, esta bela mulher amava a vida.
Filipe, o segundo, príncipe inteligente, casou-se com Jeanne d'Artois, filha de Oto IV de Borgonha e de Mahaut d'Artois.
O terceiro, Carlos, tinha uma personalidade mais apagada, casou-se com Blanche, irmã de Jeanne.
Após três ou quatro anos de casamento, eis que Marguerite e Blanche tomam por amantes os ‘‘jovens e belos cavaleiros’’, os irmãos Gautier e Filipe d'Aunay. O caso vem à tona e é descoberto em abril de 1314, na abadia de Maubuisson onde o rei e sua corte gostava de fazer retiro.
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A justiça real se abate implacavelmente sobre as amantes adúlteras. Marguerite e Blanche são presas, julgadas e condenadas a ter os cabelos rapados, a vestir roupas grosseiras e a serem conduzidas numa carruagem recoberta de panos pretos a Andelys, aos calabouços do castelo Gaillard.
Wikimedia Commons – Filipe, o Belo
Marguerite, desconsolada e arrependida, ocupou uma cela aberta aos ventos no topo da torre. Vítima de maus tratos e sem dúvida estrangulada por ordem de seu marido, a infeliz morre no curso do verão de 1315.
Blanche teve tratamento um pouco melhor numa masmorra ‘‘cavada na terra’’. Sobrevive à provação e, com a chegada ao trono de Carlos IV, seu esposo, ela é transferida para Gavray, na Normandia, obtendo autorização para tomar os hábitos de religiosa.
Jeanne foi também presa e colocada sob vigilância no castelo de Dourdan. Tratada com bastante mais consideração, ela se defende diante do rei. O mesmo faz sua mãe Mahaut d'Artois, quem tinha assento no Conselho do Rei. Retoma seu lugar ao lado do marido Filipe assim como em meio à corte, onde é recebida festivamente.
Os irmãos Aunay são presos e sofreram as consequências. Confessam os atos que haviam cometido e após um rápido julgamento em Pontoise por crime de lesa-majestade, são imediatamente executados em praça pública.
A execução pôs fim ao escândalo conhecido como o da ‘‘Torre de Nesle’’ se bem que a sede da prefeitura de Nesle nada tenha a ver com esses acontecimentos, apesar do que escreveu Alexandre Dumas em um de seus romances.
Após a morte do último filho de Filipe o Belo e, em virtude da ausência de herdeiro masculino em linha direta de sucessão, a nobreza do reino entrega o trono a um jovem herdeiro da linhagem dos Valois, que se torna rei sob o nome de Filipe VI não sem excitar o rancor de seus rivais, entre os quais o rei da Inglaterra e o de Navarra.
Esta rivalidade desembocaria na Guerra dos Cem Anos.
Também nessa data:
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