Atualizado às 8h em 21/07/2016
Em 22 de julho de 1934, em frente ao Teatro Biograph de Chicago, o famigerado criminoso John Dillinger – o “Inimigo Público nº 1” – é morto por uma rajada de tiros disparada por agentes federais. Numa intensa carreira de ladrões de bancos, é computado a Dillinger e a seus comparsas o assalto a 11 bancos com mais de 300 milhões de dólares roubados. Dillinger fugiu da cadeia e foi recapturado múltiplas vezes. Matou sete policiais e três agentes federais.
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Dillinger nasceu em Indianapolis em 1903. Foi preso em 1924 após um assalto malsucedido. Declarou-se culpado, esperando por clemência, porém foi sentenciado a dez anos no Reformatório Pendleton.
Na prisão, foi adotado por um grupo de ladrões profissionais de bancos chefiado por Harry Pierpont, quem lhe ensinou os caminhos da “profissão”. Quando seus amigos foram transferidos para a prisão de segurança do estado de Michigan, pediu para ir também.
Em maio de 1933, foi libertando e encontrou-se com cúmplices de Pierpont. O plano de Dillinger era conseguir fundos suficientes para pagar fiança e libertar Pierpont e os demais, visando ser admitido como membro de elite dessa gangue de assaltantes. Em quatro meses, assaltou quatro bancos de Indiana e Ohio, dois mercados e uma drogaria, arrecadando um total de mais de 40 mil dólares. Ganhou notoriedade por sua figura atlética e sempre bem-vestida.
Com a ajuda de duas amigas de Pierpont e com a conivência de carcereiros subornados, conseguiu internar armas a fim de facilitar a fuga do “chefe”. Em 22 de setembro, no entanto, poucos dias antes da programada evasão, foi preso em Dayton, Ohio. Quatro dias mais tarde, Pierpont e nove outros escapam da cadeia de Michighan. Levam a cabo um primeiro assalto a banco em Ohio que rendeu 11 mil dólares.
O bando Pierpont/Dillinger roubou bancos em Indiana, Wisconsin e Chicago em mais de 130 mil dólares, uma grande fortuna à época da Grande Depressão, conseguindo escapar dos policiais em vários encontros.
Em janeiro de 1934, a gangue transferiu-se para Tucson, Arizona, sem chamar a atenção. A polícia de Chicago montou um esquadrão de elite com a finalidade de recapturar os fugitivos. Foram reconhecidos e capturados em 25 de janeiro sem derramamento de sangue.
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Dillinger foi extraditado para Indiana, acusado de ter assassinado o policial Patrick O'Malley e encarcerado na prisão de Crown Point. Em 3 de março, enquanto aguardava julgamento, executa sua mais celebrada evasão.
Naquela manhã, brandindo um revólver, passou a colocar metodicamente atrás das grades os carcereiros. Diz a lenda que aquela arma era de madeira esculpida pelo próprio Dillinger e pintada de preto com a graxa de polir calçados. Dirigiu-se ao arsenal da prisão e lá encontrou duas submetralhadoras. Buscou ajuda de outro prisioneiro, o afro-americano Herbert Youngblood. Dillinger e Youngblood foram à garagem, roubaram o carro do xerife depois de fazer a ligação direta da ignição e calmamente deixaram a prisão.
Mancomunado com Youngblood, Dillinger viajou para Chicago e formou uma nova gangue da qual participava o “Baby Face” Nelson, um psicopata matador que costumava trabalhar para Al Capone. O bando roubou bancos em Dakota do Sul e Iowa, levantando 102 mil dólares além de matar dois policiais. O FBI foi à caça de Dillinger depois que fugiu da prisão de Crown Point. Em 31 de março dois agentes cercaram-no num apartamento em St. Paul, Minnesota. Dillinger e um comparsa conseguiram abrir caminho a fogo.
Em abril, o bando esconde-se num resort em Wisconsin, mas o FBI é alertado e, em 22 de abril, invade o local. Numa desastrosa operação, três civis foram erroneamente alvejados, um dos quais morreu. Toda a gangue conseguiu escapar.
Dillinger viaja acompanhado para Chicago, sobrevivendo a uma troca de tiros com a polícia de Minnesota em meio ao caminho. Nesta cidade viveu numa casa segura tendo passado por cirurgia plástica facial para ocultar sua identidade. Num dado momento, queimou com ácido suas impressões digitais.
Em 30 de junho, participou de seu último roubo em South Bend, Indiana. O bando fugiu com 30 mil dólares ao custo de um policial morto, quatro pessoas e um membro da gangue feridos.
Em julho, Anna Sage, uma dona de bordel romena de Chicago e amiga de Dillinger, concorda em cooperar com o FBI em troca de leniência numa audiência vindoura de deportação.
Em 22 de julho, Sage e Dillinger foram ao cine-teatro Biograph para assistir a um filme policial Manhattan Melodrama. Vinte agentes do FBI e policiais aguardaram à frente do cinema esperando que aparecesse ao lado de Sage, que estaria usando um vestido laranja à guisa de identificação.
Às 22h40 eis que surge Dillinger. O alaranjado do vestido de Sage parecia vermelho sob as luzes do Biograph. Os policiais gritaram que se rendesse, mas ele resolveu correr. A perseguição não durou um quarteirão e Dillinger foi abatido supostamente na troca de tiros.
O “Inimigo Público nº 1”, segundo o diretor do FBI, J. Edgar Hoover, estava morto. Alguns pesquisadores afirmaram que outro homem, e não Dillinger, havia sido morto nas aforas do Biograph, citando autopsias do cadáver que se contradiziam com seus registros médicos conhecidos.