Hercule-Savinien de Cyrano de Bergerac, conhecido como Cyrano de Bergerac, poeta, dramaturgo e pensador francês, contemporâneo de Molière e Boileau, morre em Sannois em 28 de julho de 1655, aos 36 anos, em consequência dos ferimentos causados por uma viga que caiu sobre sua cabeça.
Por sua atitude desrespeitosa ante as instituições religiosas e seculares foi considerado um libertino. É tido também como um dos precursores da ficção científica.
Nasceu em Paris em 6 de março de 1619, como quarto filho de Abel de Cyrano, advogado do Parlamento. Passou a maior parte de sua infância em Saint-Forget, para logo mudar-se para Paris, onde trascorreu quase toda a sua vida.
Em 1638, adotou o sobrenome de Bergerac, correspondente às terras que seu avô, Savinien I de Cyrano, havia comprado ao enriquecer com negócio relacionado à pesca, aquisição que permitiu à familia de Hercule-Savinien ingressar no círculo da pequena nobreza.
Escolheu a carreira militar e se fez célebre por sua audácia e seus numerosos duelos. Deu baixa da milícia em 1641 depois de receber um ferimento na garganta por ocasião do sítio de Arras. Foi então que começou a estudar filosofía com Pierre Gassendi.
Cyrano foi um dos mais importantes escritores do seiscentismo francés e uma personalidade verdadeiramente eclética: romancista, dramaturgo, autor satírico, epistológrafo. Antes de falecer deixou escrito um Tratado de Física, como igualmente pretendía liderar uma vanguarda cultural, uma nova filosofía de vida.
Alvo de discussão e controvérsia, foi considerado sucesivamente “um mártir livre-pensador” (Paul Lacroix), um “cientista incompreendido” (Pierre Jupont, em A Obra Científica de Savinien de Cyrano “Cyrano de Bergerac”, 1907), “um libertino sem arte nem parte (Lechèvre), um “racionalista militante” (Weber) e “pretenso alquimista” (Eugéne Conseliet).
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Cyrano de Bergerac, poeta, dramaturgo e pensador francês
Suas obras foram editadas muitas vezes, especialmente em 1851 por Leblanc Duvernet, e em 1858 por Paul Lacroix, conhecido como “O Bibliófilo Jacob”.
Em “Historia Cômica dos Estados”, considerada como uma das primeiras novelas de ficção científica, Cyrano dividiu-a em duas partes: “História Cômica dos Estados e Impérios da Lua”, publicada em 1657 por seu amigo Lebret, e “História Cômica dos Estados e Impérios do Sol”, publicada en 1662.
Cyrano escreve na primeira pessoa a viagem que realiza à Lua e ao Sol e as observações que faz das pessoas que encontra, cujo modo de vida é, às vezes, chocante e totalmente distinto do nosso. Esta viagem imaginária é, antes de mais nada, um pretexto para expresar sua filosofía materialista e fazer uma crítica à sociedade e às ideias e crenças da época. Os dois relatos foram publicados a título póstumo e depois de expurgos realizados por Lebret.
Em verdade, nos días de hoje, é mais conhecido pela obra “Cyrano de Bergerac” de Edmond Rostand, em que o autor narra um período de sua vida, do que pelas suas próprias obras.
O Cyrano de Rostand foi levado à cena em palcos de todo o mundo por inúmeras vezes. Foi tema também de varios filmes, inclusive uma versão norte-americana de 1950 com José Ferrer no papel-título; uma versão francesa de 1990 protagonizada por Gérard Depardieu e uma comédia rodada em Hollywood, sob o título “Roxane”, com Steve Martin.
Na obra de Rostand, Cyrano é um apaixonado poeta, um perspicaz dramaturgo, um exímio espadachim, um bravo soldado, um grande filósofo, um profundo estudioso da Física, Matemática e Astronomia. Gênio nas artes e nas ciências, Cyrano possui qualidades incomuns. Porém, a feiúra as encobre, como uma sombra sinistra. O nariz avantajado é o motivo de sua frustração. Na França do século XVII, sofre por amar intensamente sua prima, Roxane, jovem, bela e emotiva.
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(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.