Atualizada em 07/08/2017 às 11:58
Em 8 de agosto de 1588, diante do porto de Gravelines (norte da França, no Canal da Mancha), o fogo e os canhões dispersam a frota espanhola que se destinava a conquistar a Inglaterra. Seria mais tarde chamada, com um travo de ironia, a “A invencível Armada”.
Elizabeth I, filha de Ana Bolena e fruto do segundo casamento de Henrique VIII, tinha sucedido em 1558 a sua meia-irmã Mary Tudor, nascida do primeiro casamento de Henrique VIII com Catarina de Aragão e casada por procuração com o rei da Espanha, o muito católico Felipe II.
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Embate entre embarcações inglesas e espanholas na costa francesa
Elizabeth era protestante. Os católicos ingleses e aqueles do continente a consideravam bastarda e herética. Para eles, a herdeira legitima do trono deveria ser Maria Stuart, a mal-afortunada e abatida rainha da Escócia, prisioneira de Elizabeth.
Muitas conspirações visando derrocar Elizabeth para substituí-la por Maria foram trazidas à luz pela polícia secreta de Sir Francis Walsingham, comprometendo, sem margem de dúvida, a rainha da Escócia. Sua execução em 1587 levou o rei espanhol Felipe II a pôr em marcha o que ele chamou de “Operação Inglaterra”.
À querela religiosa se somou a rivalidade entre a Espanha, potência já em decadência, e a Inglaterra, potência em ascensão.
Com o correr dos anos, o desenvolvimento do poderio naval inglês bateu de frente com os interesses espanhois. Em Flandres, onde Felipe II tentava reprimir violentamente as incessantes revoltas dos holandeses, Elizabeth apoiava os insurgentes.
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A Armada espanhola era um formidável conjunto de navios. No total, 130 barcos a compunham. Transportava cerca de 30 mil homens dos quais 19 mil soldados mais 300 cavalos e mulas, o equipamento necessário para sitiar cidades, um hospital de campanha, etc. Seu objetivo era de operar um desembarque na Inglaterra e marchar sobre Londres.
Esta força, sob o comando do duque de Médina Sidonia, deveria se juntar àquela do duque de Parma, localizada em Flandres e composta por cerca de 18 mil homens aguerridos. Uma vez concluída a junção, a Armada deveria escoltar as chatas de Parma para a travessia do Canal da Mancha.
Para fazer face à ameaça, a Inglaterra dispunha de uma frota composta de navios da rainha e de navios mercantes fornecidos pelos oficiais da marinha real, pela cidade de Londres ou por simples voluntários, perfazendo um total de 197 navios e 15.835 homens.
Ao longo da noite de 7 para 8 de agosto de 1588, enquanto a Armada ancorava seus navios no Canal da Mancha, os ingleses a atacam com barcos carregados de explosivos e de materiais incendiários infiltrados entre as naves inimigas.
Esta manobra inesperada semeia o terror e um indescritível caos. A fim de escapar às chamas, os capitães ordenam cortar as amarras atando-as às âncoras. A frota espanhola se dispersa em meio à escuridão. Ao alvorecer, o duque de Medina Sidonia se empenha em reagrupar seus navios.
É então que tem início, ao largo de Gravelines, o confronto final com os ingleses. Durante horas, a canhonada ribomba. Os espanhois recebem o fogo do inimigo sem poder responder eficazmente. E para cúmulo da desventura, um forte vento sul empurra os navios em dispersão na direção norte.
Na impossibilidade de reagrupar os 112 navios que lhe restava, sem notícia dos eventuais preparativos da parte do duque de Parma e de suas chatas de desembarque, Médina Sidonia se resigna a retornar à Espanha pela única rota possível em vista das circunstâncias e os ventos: contornar a Escócia e a Irlanda e fazer velas em direção à Espanha.
Desafortunadamente, o mar não foi nem um pouco clemente e muitos navios desapareceram na costa da Irlanda. Tripulantes sobreviventes foram massacrados pelos insulares. Apenas um punhado deles chegaram a rever a terra espanhola.