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Em 1º de outubro de 1982, Helmut Joseph Michael Kohl assumiu o cargo de chanceler federal alemão, que ocuparia por 16 anos. Os pontos altos de sua carreira política foram a queda do Muro de Berlim e a reunificação da Alemanha. Desempenhou o cargo até 27 de outubro de 1998. Em 3 de outubro de 1990, data da unificação das duas Alemanhas, deixou de ser somente chanceler da República Federal da Alemanha para, a partir daquele momento, passar a governar a Alemanha unificada. Foi também dirigente da União CDU (Democrata Cristã) entre 1973 e 1998.
Nasceu em Ludwigshafen, sudoeste alemão, em 3 de abril de 1930, no seio de uma família católica e conservadora. Foi alistado na Wehrmacht e lutou, ainda adolescente, no período final da II Guerra Mundial.
Estudou na Universidade de Heidelberg, doutorando-se em História e Ciência Política. Casou-se com Hannelore Renner, com quem teve dois filhos. Em 5 de julo de 2001, Hannelore foi encontrada morta em sua casa, possivelmente por ter ingerido dose excessiva de soníferos em virtude do sofrimento que lhe causava a dolorosa e estranha alergia à luz, que a impedia de sair ao sol.
Kohl se incorporou à CDU en 1947. Em 1958 doutorou-se em História com a tese “O Desenvolvimento Político no Palatinado e o Ressurgimento dos Partidos Políticos depois de 1945”. Entre 1969 e 1976 foi primeiro ministro da Renânia-Palatinado e, em seguida, membro do parlamento federal como líder da oposição democrata-cristã ao chanceler social-democrata Helmut Schmidt. Foi candidato derrotado à chancelaria nas eleições de 1976.
Em 1º de outubro de 1982, Kohl sucedeu a Schmidt como chanceler mediante uma moção de confiança, em que o FDP (Partido Democrático Liberal), que até então apoiava os social-democratas, passou a apoiar os conservadores. Nos primeiros dias de governo, Kohl enfrentou dura oposição: seus adversários a ele se referiam pelo epíteto depreciativo de “Birne” (“pera” em alemão), e as caricaturas desenhavam sua cabeça em forma de pera.
Kohl é o chanceler da Alemanha que durante mais tempo ocupou o cargo, como exceção de Otto von Bismarck que governou por 19 anos. Em 27 de outubro de 1998 foi sucedido por Gerhard Schröder após esmagadora vitória do SPD.
Kohl liderou o processo de reunificação da Alemanha que se iniciou com a queda do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989 e concluída formalmente em 3 de outubro de 1990.
Como primeira etapa da reunificação, Kohl realizou uma visita de Estado ao líder da República Democrática Alemão, Erich Honecker, em 1987, primeiro encontro entre chefes de governo das duas Alemanhas depois da II Guerra Mundial. Kohl convenceu o governo soviético da inevitabilidade de uma Alemanha reunificada no seio da OTAN.
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Kohl reforçou o aparato econômico da Alemanha Oriental, introduzindo regras de mercado e, em especial, transferindo grande aporte de capital e levando a cabo vultosos investimentos. Apesar de ter sido derrotado eleitoralmente, a reunificação foi um passo necessário para a integração europeia. Durante seu governo, estimulou a caminhada da Comunidade Europeia em direção à união política e monetária da Europa, concretizada pelo Tratado de Maastricht que instituiu a União Europeia em 1993.
Sua última ação em questões externas foi participar da aprovação do Tratado de Amsterdã que tratou de vários aspectos fundamentais: emprego, livre circulação de cidadãos, justiça, política externa, segurança e reforma institucional para regular o ingresso de novos membros. O tratado entrou em vigor em 1999, quando Kohl já não era mais chanceler.
Em 1998, foi nomeado cidadão honorário da Europa pelo Conselho Europeu, um galardão que até então só havia sido concedido a Jean Monnet. Entre outros reconhecimentos estão o Prêmio Carlos Magno, dividido com o presidente francês François Mitterrand em 1988 e o Prêmio Príncipe das Astúrias de Cooperação Internacional.
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Kohk, primeiro à direita, ouvindo discurso de Ronald Reagan em frente ao Muro de Berlim
A herança política de Kohl se viu afetada por um escândalo relacionado com o financiamento de seu partido. Teve origem em 1999 ao se descobrir que a CDU recebia ilegalmente fundos no período dirigidos pelo próprio Kohl.
As investigações do Parlamento alemão acerca da origem desses fundos ilegais, em sua maior parte depositados em contas bancárias em Genebra, demonstraram que havia duas fontes de ingressos: venda de carros de combate para a Arábia Saudita; uma conta muito maior de 40 milhões de euros pagos pelo governo francês de Mitterrand pela compra de uma companhia petrolífera da Alemanha Oriental por parte da empresa semiestatal Elf Aquitaine, dos quais 15 milhões foram enviados diretamente à CDU como ajuda para a campanha de Kohl em 1994. Foram descobertos outros 300 milhões de marcos alemães de origem ilegal no cantão suíço de Genebra.
O próprio Kohl afirmou que a Elf tinha oferecido um enorme investimento na indústria química germano-oriental junto com a absorção de dois mil postos de gasolina alemães que pertenciam formalmente à companhia petrolífera nacional Minol. A Elf foi acusada de financiar ilegalmente a CDU por ordem de Mitterrand.
Em 2003, provou-se que Kohl havia recebido 300 mil euros de Leo Kirch, proprietário de um canal privado de televisão, como pagamento de serviços de consultoria. O assunto era bastante delicado, sobretudo se se levar em conta que Kirch construiu seu império televisivo graças às reformas promovidas por Kohl nos anos 1980.
Também nesta data:
1791 – Primeira sessão da Assembleia Nacional francesa
1814 – Abertura do Congresso de Viena
1918 – Comandadas por “Lawrence da Arábia”, tropas árabes tomam Damasco dos turcos
1936 – Franco assume comando de governo nacionalista na Espanha
1944 – Nazistas iniciam experiências de castração em gays nos campos de concentração
1949 – Mao Tsé-Tung proclama a República Popular da China
1987 – Dinamarca torna-se primeiro país a legalizar união civil para pessoas do mesmo sexo