Marcellin Pierre Eugène Berthelot, químico e historiador francês, cujo pensamento criativo e trabalho influenciaram significativamente a química do final do século XIX, morre em Paris em 18 de março de 1907, aos 79 anos.
Berthelot iniciou suas investigações experimentais no laboratório do químico Pelouze, destacando-se logo no campo da síntese dos compostos orgânicos. Apesar de suas predileções republicanas e de sua aberta hostilidade contra o império autoritário, fez uma rápida carreira. Nomeado em 1859 professor de química orgânica da Escola Superior de Farmácia, conquistou, por seus estudos acerca da síntese orgânica, o prêmio Jecker da Academia de Ciências.
Participou da política, chegando a ser ministro da Instrução Pública e Belas Artes em 1886 e ministro de Negócios Exteriores em 1895.
A finalidade à qual se inclinou apaixonadamente foi a realização do sonho dos primeiros filósofos gregos mediante os métodos próprios da ciência experimental.
A linha principal de investigação de Berthelot foi a da síntese da química orgânica, obtendo o álcool etílico e o ácido fórmico, chegando depois a sintetizar o metano, o acetileno e o benzeno. Estudou também a esterificação dos álcoois o que o levou ao descobrimento dos equilíbrios químicos e esclareceu a noção de velocidade de reação.
Berthelot é considerado um dos fundadores da termoquímica, já que estabeleceu a distinção entre reações endotérmicas e exotérmicas e iniciou o estudo da medida dos calores de reação, descobrindo fenômenos como a detonação de explosivos. Investigou inclusive o comportamento dos gases, propondo uma equação de estado que corrigia a de Van der Waals e estudou a influência do segundo coeficiente viral na temperatura.
Ao longo de sua carreira, publicou mais de 600 obras e memórias sobre compostos orgânicos, sua síntese, termoquímica e também um livro sobre a história da química intitulado As Origens da Alquimia.
Berthelot se negou sistematicamente a patentear os métodos de síntese por seus descobrimentos – o que lhe teria aportado uma grande soma de dinheiro – assegurando que acumular riquezas era algo indigno e mesquinho.
Do mesmo modo, assegurava que não poderia seguir vivendo se sua esposa falecesse antes dele. Com efeito, uma vez que ela morreu, Berthelot lhe seguiu à sepultura apenas dois dias depois, em Paris, sem outra causa aparente que justificasse a morte se não a avançada idade.
Berthelot se negou a admitir durante muito tempo a teoria atômica. Suas descobertas, sua honradez, sua clarividência, a dignidade de uma vida inteira, tudo o destinava ao desempenho de importantes cargos públicos. Eleito senador vitalício em 1881, de 1886 a 1887 foi ministro de Instrução Pública no gabinete Goblet e em 1895-1896, de Negócios Exteriores.
À sua morte, Paris lhe tributou imponentes honras fúnebres e seus restos foram levados ao Panteão.