Atualizada em 30/03/2018 às 10:20
Em 30 de março de 1856, o Tratado de Paris põe fim à Guerra da Crimeia, consagrando a derrota da Rússia diante da Inglaterra e da França, aliados pela primeira vez depois de sete séculos. Tendo entrado em vigor em 16 de abril de 1856, declarou a neutralidade do Mar Negro e proibiu a navegação aos barcos de guerra bem como a construção de fortificações. Marca o início de um severo declínio da influência do Império Russo na região.
Quando foi concluído o tratado, as potências assinaram igualmente uma declaração. Ela era resultado de um modus vivendi passado entre Reino Unido e França em 1854, que dizia respeito originalmente à Guerra da Crimeia. Pontos relevantes dessa declaração eram que as duas potências reconheciam que não iriam proceder ao sequestro de bens inimigos em navios neutros, nem de bens neutros em navios inimigos. Ao confirmar essas regras, se impunha o princípio de que os bloqueios, por serem obrigatórios, deveriam ser efetivos . Além disso, dispunhan também do princípio da liberdade dos direitos marítimos. Seria completada pela Convenção de Constantinopla sobre a liberdade dos canais interoceânicos em 1888.
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Figura ilustra participantes do Tratado de Paris, de 1856: acordos de paz após término da Guerra da Crimeia
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Praticamente todos os Estados aderiram a esta declaração. Os Estados Unidos, que desejavam conseguir a possibilidade total de sequestro em mar de propriedade privada, retiraram sua adesão formal, tendo sido sua emenda rejeitada por todas as potências. Em 1861, ao se deflagrar a Guerra de Secessão, os Estados Unidos anunciaram que respeitariam os princípios da declaração durante as hostilidades.
O Tratado de Paris, assinado suas semanas depois do término da guerra, previu a neutralização do Mar Negro, doravante proibido a todo navio de guerra. Instaurou também a liberdade de navegação sobre o Danúbio, um rio que banhava o sul da Alemanha, a Áustria, o Império Otomano e a Rússia.
Para o imperador Napoleão III, sobrinho do irremissível inimigo dos ingleses, a Guerra da Crimeia, mal empreendida e mal ganha, revelou-se um sucesso na cena internacional. Todavia, Napoleão III interveio em favor da união de dois principados da Valáquia e Moldávia, dentro do Império Otomano, de onde sairia o futuro reino da Romênia. A influência francesa se viu reforçada no Oriente e Napoleão III não deixaria, alguns anos depois, de socorrer os cristãos no Líbano.
O jovem tsar Alexandre II sente a humilhação da derrota e toma consciência da urgente necessidade de modernizar seu país. A Inglaterra, decepcionada por sua aliança com a França, decide não mais se ocupar dos negócios europeus. Seu esplêndido isolamento até o alvorecer do século seguinte iria permitir à Itália e à Alemanha de forjar sua união em detrimento da Áustria, que foi a grande perdedora da guerra.
Por não ter escolhido o lado, a Áustria colocou-se contrariamente a todos os grandes países vizinhos e se encontrou só quando sobrevieram as agressões piemonteses e prussianas.De resto, nada sobrou da Santa Aliança que havia contribuido para o equilíbrio da paz depois das guerras napoleônicas.