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Honoré Riquetti, conde de Mirabeau, corrupto e hedonista, afetado pela sífilis, mas de uma feiura incrível, morre prematuramente em 2 de abril de 1791. Exagerou nas extravagâncias de juventude antes de procurar seu espaço na Revolução Francesa e no advento de uma monarquia constitucional.
O pai do futuro inspirador da Revolução era uma personalidade fora do comum. Originário do Vaucluse, Victor Riquetti, marquês de Mirabeau, se fixou em seu castelo de Bignon, após ter feito carreira no exército. Tornou-se célebre com a publicação de uma obra sobre economia, O Amigo dos Homens ou Tratado da População (1756), repleta de contrassensos, mas cheio de ideias generosas e progressistas relacionadas com o pensamento dos fisiocratas.
Cognominado de “Amigo dos Homens”, de modo algum merecia esse epíteto por seu comportamento odioso em relação a sua mulher e a seu filho Honoré. Escapa de ser enviado à Córsega para um combate e lá acaba se casando com uma rica herdeira, de quem logo se separa. Seu pai o interna em Manosque, depois no castelo de If, perto de Marselha, e por fim no forte Joux. O regime de semiliberdade e a frequência nos salões o leva a seduzir uma jovem senhora casada e com ela foge ao estrangeiro.
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Condenado à revelia à pena de morte por rapto e adultério, teve finalmente de regressar. Sua amante, que ele chamava de Sofia, foi enviada a um convento e Mirabeau ao forte de Vincennes em 7 de junho de 1777. Ali, durante os seus 42 meses de prisão, escreveu as famosas “Carta à Sofia” bem como um Ensaio sobre as Ordens Reais e as Prisões do Estado. Quando saiu, arruinado e ainda abandonado por Sofia, teve de viver da pena, publicando seus libelos.
Permanente rebelde, Mirabeau é eleito deputado do Terceiro Estado em 1789, quando o rei convoca os Estados Gerais. Sua fogosidade e determinação por ocasião da célebre sessão do Jeu de Paume firma definitivamente sua reputação de orador e revolucionário. Após a famosa apóstrofe “Nós estamos aqui pela vontade do povo…” faz votar o princípio da inviolabilidade dos deputados.
Mirabeau segue um roteiro preciso: introduzir na França uma forma de democracia de acordo com os princípios de Montesquieu, respeitando, contudo, como na Inglaterra, as prerrogativas da monarquia.
Apesar de contribuir com as reformas mais duras, como o sequestro dos bens do clero de 2 de novembro de 1789, não tarda em se pôr sua popularidade e inteligência política a serviço do rei, precavendo-se em comunicar ao povo e a seus colegas deputados de sua confiança.
Destarte, escreve ao rei Luis XVI em 10 de maio de 1790: “Prometo ao rei lealdade, zelo, atividade, energia e uma determinação da qual podemos estar longe de ter uma ideia” Porém sua guinada era antes motivada por sórdidos motivos financeiros do que convicções políticas e ele se faz remunerar generosamente pelo monarca para enfrentar suas consideráveis dívidas.
Transmite ao rei notas secretas, nas quais sugere que ele se sirva da Revolução para restaurar seu poder. Para tanto, propõe constituir na Assembleia um partido favorável à monarquia, de corromper certos opositores, além de exigir a eleição de uma nova composição para a CASA. Em caso de fracasso, deixou entrever a possibilidade de um golpe de força. O rei, neste caso, deixaria Paris para assumir o comando das tropas favoráveis a sua causa e reentrar na capital a fim de pôr um termo à Revolução.
Todavia, Luis XVI e a rainha Maria Antonieta, que qualificava Mirabeau de “monstro”, hesitam em lhe confiar plenamente a confiança. É certo que Mirabeau estava marcado por sua reputação diabólica e seu jogo duplo que o levou a atacar os nobres da Assembleia, da qual se tornou presidente em março de 1791.
Mirabeau morre prematuramente em 2 de abril de 1791. Iludida quanto a sua honestidade, a Assembleia Nacional concedeu-lhes as honras inumando-o na igreja Santa Genoveva, transformada à época em Panteão das glórias nacionais. Seria excluído depois que se descobriram as provas de sua duplicidade.
Também nesta data:
1792 – Congresso dos EUA define dólar de prata como moeda nacional
1982 – Forças armadas argentinas invadem as ilhas Malvinas
1989 – Reunião entre Gorbachev e Fidel esfria em definitivo a aliança entre URSS e Cuba
1974 – Morre o presidente francês Georges Pompidou