Em 24 de abril de 1857, foi inaugurado o Teatro Colón de Buenos Aires, uma das casas de ópera mais importantes do mundo, por seu tamanho, acústica e trajetória. Sua presença no panteão dos teatros de ópera mundiais — ao lado dos imponentes Alla Scala de Milão, à Ópera Estatal de Viena, à Ópera Semper de Dresden e à Ópera de Paris — é indicativo inequívoco de consagração para aqueles que nele se apresentaram neste lugar ineludível para os amantes da música. O Colón tem sido desde sempre um teatro venerado pelo público e pelos artistas mais renomados.
Flickr/Bruno Belcastro/CC
A ampla plateia do Teatro Colón é formada por 632 poltronas dispostas em 22 fileiras
No final de 2006, foi submetido a um profundo processo de restauração conservativa e modernização tecnológica que lhe devolveu o brilho dos anos de esplendor. Reabriu em 24 de maio de 2010 como parte dos festejos do bicentenário da independência argentina.
Sua criação, na localização atual, foi iniciativa do intendente Torcuato de Alvear em 1886. Três anos depois, foi convocada uma licitação pública em que triunfou a proposta do músico e empresário de ópera italiano, residente na Argentina, Angelo Ferrari, que no ato apresentou o projeto do arquiteto italiano Francesco Tamburini. O teatro seria erguido no local onde se situava a estação de trem Parquedal Ferocarril del Oeste, frente à atual Praça Lavalle.
As obras começaram a cargo da empresa construtora dos italianos Ítalo Armellini e Francesco Pellizzari. Em 1890, quando a construção chegava apenas ao primeiro nível, faleceu Tamburini. A continuação coube ao seu colaborador, o arquiteto italiano Vittorio Meano. Em 1892, Meano introduziu mudanças notáveis no projeto, dirigindo a obra até o seu assassinato, em 1904. Assumiu então a direção dos trabalhos seu discípulo belga Jules Dormal, a quem se devem as terminações interiores de refinada qualidade e rica ornamentação.
Os sucessivos arquitetos conciliaram estilos tão diferentes como o ático-grego, que predomina no exterior e, nas palabras de Meano, “os caracteres gerais do Renascimento italiano, a boa distribuição e solidez da arquitetura alemã e a graça, a variedade e as extravagâncias de ornamentação da arquitetura francesa” até conformar um admirável exemplo do estilo eclético do século XIX.
Depois de quase 20 anos de construção, o edificio, em sua concepção que permanece até hoje, foi finalmente inaugurado em 25 de maio de 1908 com apresentação da Aida de Verdi. No entanto, os trabalhos dos detalhes e acabamento prosseguiram até depois de 2010.
O edificio ocupa 8.200 metros quadrados, com área construída de 58 mil metros quadrados, delimitado pelas ruas Tucumán, Libertad, a passagem Arturo Toscanini e a avenida 9 de Julho, de onde se contempla uma excelente perspectiva do teatro.
A sala principal tem 32 metros de diâmetro, 75 de profundidad e 28 de altura num entorno eclético que combina o neo-renascentismo italiano e o barroco francês, com uma rica decoração em dourado e escarlate. Dividida em 7 níveis, tem capacidade para 2487 espectadores sentados. O palco tem 34 metros de largura e 35 de profundidade e a boca de cena é uma das maiores nos teatros com forma à italiana de ferradura.
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A cúpula original de Marcel Jambon, com motivos musicais, rodeia o lustre central de 7 metros de diámetro com 700 lâmpadas elétricas.
A escadaria de entrada, construída em mármore de Carrara, está ladeada por duas cabeças de leão talhadas em peças únicas. Mármores amarelos e rosados de Siena e Portugal dão distintos matizes de cor à balaustrada. Sucessivas escadarias, marcadas em vitrais de Gaudin, levam aos níveis superiores.
O interior está construido em curva “à italiana!”, em forma de ferradura, com 75 metros de largura total e 38 metros do fundo da plateia até a cortina. A sala reúne as características ideais da ressonância italiana e a claridade francesa, um elemento imponderável e único que converteu o Colón no favorito de muitos artistas.
A plateia está formada por 632 poltronas de ferro forjado e madeira, recobertas por veludo e dispostas em 22 fileiras, divididas em dois por um corredor central. A amplitude do teatro permite a passagem cómoda de espectadores entre as filas, sem incomodar o público já sentado.
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O primeiro Teatro Colón foi inaugurado em 24 de abril de 1857 no prédio hoje ocupado pelo Banco de la Nación Argentina, frente a Plaza de Mayo. O novo Colón nasceu em 25 de maio de 1908, como “um teatro mais”, se se pensa que nesse mesmo ano foram apresentadas 14 óperas em 54 funções, com elencos de primeira linha. O primeiro desafio era sobreviver, mas foi o Estado que o salvou. Em 1925 abre-se uma nova etapa com a criação de corpos estáveis como a orquestra, o coral e o balé, ante a impossibilidade de contar com elencos estrangeiros completos.
Em 1931, se deu a municipalização do teatro que, até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, alcançou uma das etapas mais estáveis e frutíferas, começando a reinar soberano no mercado a que se dirigia.
À época, as agendas e os cachês não eram tão exigentes. Diretores artísticos viajavam para a Europa ou Estados Unidos em busca dos artistas, que eram formalmente contratados 2 ou 3 meses antes e com o orçamento aprovado.
Ao longo dos 106 anos transcorridos desde a inauguração, o edificio sofreu deterioração, produto da falta de manutenção e investimento, para se contrapor aos agentes externos e o desgaste próprio dos materiais.
Entre 2007 e 2010 foram levadas a cabo obras de reparação em todo o edificio. Em 24 de maio de 2010, como parte das celebrações do Bicentenário, o Colón foi reaberto com um espetáculo de animações tridimensionais e a apresentação da ópera La Bohème de Giacomo Puccini.
Também nesta data:
1507 – Ed Waldseemüller inventa expressão “América” para o Novo Mundo
1915 – Começa o genocídio armênio pelos turcos
1916 – Insurreição nacionalista na Irlanda lança as bases do IRA
1920 – Surgem a bandeira e o juramento olímpicos
1950 – É criada a Jordânia
1955 – Termina a Conferência de Bandung