Atualizada em 27/06/2016
Em 28 de junho de 1519, em Frankfurt, os príncipes eleitores elegem, por unanimidade, o príncipe da Casa de Habsburgo como novo rei do Sacro Império Romano Germânico com o título de Carlos V.
Carlos I da Espanha e V da Alemanha, nascido em Gante, Flandres, em 1500, era filho de Joana a Louca e de Felipe o Belo de Castela. Foi educado nos Países Baixos por Adriano de Utrecht e Guilherme de Croy, recebendo a influência dos humanistas do Renascimento, como Erasmo de Roterdã.
Em 1515 assumiu a governação dos Estados da Casa de Borgonha – os Países Baixos, o Franco Condado, Borgonha e Charolais – que lhe correspondiam por herança de sua avó paterna. Ao morrer seu avô materno, Fernando o Católico, em 1516, herdou as coroas unificadas de Castela, à qual se havia anexado no ano anterior a de Navarra – e dia após dia, iam sendo anexados os novos descobrimentos nas Índias – e de Aragão com seus domínios mediterrâneos de Nápoles, Sicília, Cerdaña e Rosellón.
Reprodução
Carlos V foi eleito de forma unanime pelos príncipes eleitores
Dono de tão extensos territórios, Carlos adotou em seguida o projeto de Mercúrio Gattinara, seu chanceler, de restaurar um império cristão universal, para o que deveria conseguir uma efetiva hegemonia sobre os restantes monarcas da Cristandade. Isto o enredou em guerras contínuas contra os opositores a tal hegemonia. Como rei da Espanha, Carlos suscitou importantes resistências desde a sua chegada ao país em 1517, devido a sua condição de estrangeiro, rodeado por uma corte de estrangeiros e com os olhos postos em objetivos políticos que excediam em muito os limites da Península Ibérica.
Sua política pouco respeitosa com a autonomia municipal somada à perspectiva de um rei ausente durante largos períodos e esfolando o reino com impostos para financiar suas aventuras europeias, determinaram as insurreições urbanas das comunidade de Castela (1520-21) e das Irmandades de Valencia e Mallorca (1519-24), que teve de esmagar militarmente.
NULL
NULL
A fim de aplacar os ânimos permaneceu uns anos na Península, onde contraiu matrimônio com sua prima Isabel de Portugal em 1526, como lhe haviam pedido as cortes de Castela.
Quanto a sua luta pela hegemonia na Europa, Carlos teve de se confrontar, na condição de líder da Cristandade contra o avanço dos turcos, que sob o reinado de Soliman o Magnífico, avançaram pelos Bálcãs até o coração da Áustria – primeiro assédio de Viena em 1529 e anexação da Hungria em 1541-, ao mesmo tempo que Barbarrúiva hostilizava a navegação no Mediterrâneo.
Carlos teve de travar também 4 guerras contra o rei “cristianíssimo” da França, Francisco I em 1521-26; 1526-29; 1536-38 e 1542-44, motivadas por diversos contenciosos territoriais na Itália e nos Países Baixos. Henrique VIII da Inglaterra e outros Estados europeus como Veneza, Florença, Suíça, Dinamarca e Suécia, se alinharam ocasionalmente à França, temerosos da hegemonia austríaca. Igualmente, a Santa Sé, sob o pontificado de Leão X e Clemente VII, lutou contra o imperador, quem não duvidou em autorizar seus exércitos que saqueassem Roma em represália em 1527.
Na própria Alemanha, a reforma protestante iniciada por Lutero em 1519-21 acabou com a unidade católica. Carlos se mostrou inflexível com os pastores protestantes, aos quais exigiu primeiro que retornassem ao seio da Igreja – Édito de Worms, 1521. Contudo, por fim se viu obrigado a reconhecer o cisma religioso – Paz de Augsburgo, 1555 -, enquanto o Concílio de Trento dava início à Contrarreforma pela Igreja Católica.
Diante do fracasso de seu projeto imperial, Carlos abdicou em Bruxelas em 1555, deixando a seu primogênito, Felipe II, os reinos de Espanha e os Estados da Casa de Borgonha, inclusive as Índias, Itália (Sardenha, Nápoles, Sicília e Milão), os Países Baixos e o Franco Condado. Junto com tais territórios, Carlos legava ao filho uma finanças à beira da bancarrota em virtude dos ingentes gastos com as campanhas imperiais.
As tensas disputas no seio da Casa de Habsburgo o levaram a deixar de lado a herança dos estados patrimoniais dos Habsburgos no centro da Europa, que passaram a seu irmão Fernando junto com a coroa imperial em 1558, ficando dividida desde então em duas linhagens a Casa da Áustria. Carlos, enfermo de gota, retira-se para o Mosteiro de Yuste, onde morreu em 21 de setembro de 1558.