Atualizada em 24/07/2017 às 12:00
Assim que eclodiu a Primeira Guerra Mundial na Europa, o presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, proclamou formalmente, em 4 de agosto de 1914, a neutralidade de Washington, posição apoiada pela vasta maioria da nação.
A esperança inicial de Wilson de que os Estados Unidos poderiam ser “imparciais no ponto de vista, bem como na ação” foi logo comprometida pela tentativa da Alemanha de estabelecer um cordão de isolamento das ilhas britânicas. A Grã-Bretanha era um dos mais próximos parceiros comerciais e a tensão entre Alemanha e Estados Unidos veio à tona quando diversos navios navegando em direção à Grã-Bretanha foram danificados ou afundados por minas germânicas.
Em fevereiro de 1915, a Alemanha anunciou guerra irrestrita contra todos os navios, de países neutros ou não, que entrassem na zona de guerra em torno das ilhas britânicas. Um mês mais tarde, a Alemanha anunciou que um cruzador germânico havia afundado o William P. Frye, um navio particular norte-americano que transportava grãos para a Inglaterra quando desapareceu. O presidente Wilson manifestou sua indignação, no entanto Berlim se desculpou e declarou que o ataque havia sido um desafortunado erro.
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Bandeira alemã arreada por marinheiros portugueses no navio Energie, da Alemanha, por ocasião da entrada de Portugal na Guerra
No começo de maio de 1915, diversos jornais de Nova York publicaram um comunicado da embaixada alemã em Washington advertindo que cidadãos norte-americanos viajando em navios britânicos ou de seus aliados em zonas de guerra o fariam por sua conta e risco. O anúncio foi publicado na mesma página em que se fazia a publicidade da saída do luxuoso transatlântico britânico Lusitania de Nova York para Liverpool. Em 7 de maio o Lusitania foi torpedeado, sem prévia advertência, por um submarino germânico exatamente na costa da Irlanda. Dos cerca de dois mil passageiros, 1.201 morreram, sendo 128 norte-americanos.
Revelou-se posteriormente que o Lusitania transportava cerca de 173 toneladas de munição de guerra para a Grã- Bretanha o que os alemães citaram como uma justificativa adicional para o ataque. Os Estados Unidos enviaram três notas oficiais protestando contra a ação. A Alemanha desculpou-se e se disse disposta a pôr fim à guerra submarina irrestrita.
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Em novembro, porém, um submarino alemão afundou um navio italiano de passageiros, também sem prévia advertência, matando 272 pessoas, dos quais 27 norte-americanos. A opinião pública nos Estados Unidos começou a voltar-se intransigentemente contra a Alemanha.
No final de março de 1917, a Alemanha afundou outros quatro cargueiros norte-americanos. Em 2 de abril, o presidente Wilson comparece ao Congresso, conclamando a uma declaração de guerra à Alemanha. Em 4 de abril, o Senado votou favoravelmente, por 82 a 6, a declaração de guerra contra a Alemanha. Dois dias mais tarde, a Câmara dos Representantes endossou a declaração por 373 a 50, levando o país a entrar formalmente na Grande Guerra.
Em 26 de junho, os primeiros 14 mil soldados de infantaria desembarcaram na França a fim de iniciar seus treinamentos para entrar em combate.
Após quatro anos de sangrenta carnificina numa guerra estática de trincheiras ao longo do front ocidental, a entrada de tropas norte-americanas bem supridas na guerra teve importante papel no prosseguimento dos combates.
Em 21 de março de 1918, a Alemanha lançou a chamada ofensiva Ludendorff na esperança de ganhar a guerra antes que as tropas norte-americanas chegassem. No entanto, o esforço alemão não deu resultados. Os alemães se aproximaram de Paris mas no final do verão estavam exaustos de lutar contra as defesas Aliadas, que agora incluíam o descansado exército norte-americano.
A Grande Guerra finalmente chegou ao fim em 11 de novembro de 1918. Contaram-se 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos entre os combatentes de ambos os lados.
Os dados sobre as vítimas civis são difíceis de precisar. Além da guerra, o êxodo, a fome, os conflitos regionais do pós-guerra podem ter deixado entre 5 e 10 milhões de mortos, 6 milhões de prisioneiros e 10 milhões de refugiados.
Quanto aos norte-americanos, mais de 2 milhões serviram nos campos de batalha da Europa Ocidental e cerca de 50 mil perderam suas vidas.