Atualizado às 8h de 27/08/2016
Charles Édouard Jeanneret-Gris, mais conhecido como Le Corbusier, arquiteto e teórico da arquitetura, engenheiro, desenhista e pintor suíço nacionalizado francês, morre em Cap Martin, Costa Azul francesa em 27 de agosto de 1965. Desobedecendo as recomendações do médico, foi nadar enquanto passava as férias no Mediterrâneo. Foi encontrado morto por pescadores, presumivelmente de ataque de coração.
É considerado um dos mais notórios expoentes da arquitetura moderna, a lado de Oscar Niemeyer, Frank Lloyd Wright, Walter Gropius, Alvar Aalto e Ludwig Mies van der Rohe.
Nasceu em 6 de outubro de 1887 em La Chaud-de-Fonds, Suíça francófona. Aos 29 anos muda-se para Paris onde adotou o pseudônimo Le Corbusier, variação do sobrenome de seu avô materno Lecorbesier. Seu pai se dedicava a laquear caixas de relógios e sua mãe foi pianista e professora de música.
Em 1900, começou sua aprendizagem como gravador na Escola de Arte de sua cidade natal. Um de seus professores o orientou para a arquitetura. Em 1905 desenhou seu primeiro edificio, uma casa para um membro da Escola de Arte, que ainda não levava seu selo característico.
Já em Paris, trabalhou durante 15 meses no estúdio de Auguste Perret, arquiteto pioneiro na técnica de construção em concreto armado. Em seguida, viajou para a Alemanha a fim de estudar as tendências arquitetônicas. Ali, trabalhou na oficina de Peter Behrens, onde conheceu Van der Rohe e Gropius. A partir de 1911, foi profesor durante dois anos no departamento de arquitetura da Escola de Arte de Paris.
Em 1918 editou a revista L’Esprit Nouveau ao lado do pintor Amadeo Ozenfant, quando assentaram as bases do Purismo. Em 1922, passou a trabalhar com seu primo Pierre Jeanneret, com quem manteve sociedade até 1940. Inicialmente, o escritório só projetava edificios residenciais. Porém, como urbanistas, projetaram conceitualmente uma cidade de 3 milhões de habitantes, a Cidade Contemporânea.
Em outubro de 1929, pronunciou em Buenos Aires um ciclo de dez conferências. Na viagem visitou também o Rio de Janeiro, Montevidéu e Assunção. Na capital argentina deixou bem claro sua percepção de urbanista: “Buenos Aires é uma cidade que dá as costas para o seu rio”. A pesar de ter uma extensa costa frente ao estuário do Rio da Prata, privilegiou-se uma área que não permite avistá-lo, ainda mais que o acesso era obstaculizado pelo antigo porto, ramos ferroviários e autopistas.
A única obra de Le Corbusier na Argentina é a Casa Curutchet, uma vivenda famuiliar construída em La Plata entre 1949 e 1953. No Brasil, construiu a sede do Ministério da Educação e Cultura no Rio de Janeiro e a Embaixada da França em Brasília em colaboração com Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.
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Le Corbusier foi também um eminente teórico da arquitetura. Escreveu livros nos quais exemplificava suas ideias mediante projetos próprios. À parte de saber criar bons edificios era necessário saber explicá-los e transmiti-los aos profissionais e estudantes.
Visionário, Le Corbusier via a possibilidade de mudar o mundo por meio da arquitetura. Se bem que nunca se aliou a qualquer grupo político, sua postura se acercava a de um liberal e como tal, todo o seu trabalho tinha objetivos utópicos.
Sua definição de vivenda era “a máquina para viver”. Com isso, dava ênfase não só ao componente funcional da habitação mas também que essa funcionalidade deve estar destinada ao “viver”, compreendido desde o ponto de vista metafísico. Para ele o objetivo da arquitetura era gerar beleza e que esta deveria repercutir na forma de vida dos ocupantes da edificação.
Le Corbusier estava deslumbrado pelas então ‘novas máquinas’, em especial automóveis e aviões. Essas máquinas tinham desenhos práticos e funcionáis e serviam de modelo para uma arquitetura cuja beleza se baseava na praticidade e funcionalidade: o racionalismo. O primeiro ensaio de construção em série é formulado no projeto das casas Citrohän e representam o primeiro ensaio importante sobre uma vivenda em série que se pode construir a partir de elementos estandardizados.
Em 1926, expõe de forma sistemática suas ideias arquitetônicas, os chamados “Cinco pontos de uma nova arquitetura”, derivados especialmente do emprego do concreto armado. Até então, esse material era usado em residências e monumentos disfarçados de pedra esculpida com molduras. Veja quais são:
1. Planta baixa sobre pilotis: O piso inferior da casa, a exemplo da rua, pertence ao automóvil, seja para circulação ou estacionamento. Elevando-se sobre pilotis permite o movimiento de veículos.
2. Planta livre: a partir da estrutura independente, valendo-se da tecnologia do concreto armado, gera-se uma estrutura em pilares em que se aplicam azulejos. O arquiteto decide onde colocar os acabamentos, sendo independentes um nível do ougtro.
3. Fachada livre: o corolário do plano livre no plano vertical. A estrutura se coloca em segundo plano em relação à fachada, liberando-a de sua função estrutural, permitindo liberdade em sua composição independente da estrutura.
4. Janela ampliada: também as paredes exteriores são liberadas. As janelas podem abarcar toda a largura da construção, melhorando a relação com o exterior e permitindo uma melhor insolação dos espaços interiores.
5. Terraço-jardim: a superfície ocupada da natureza pela vivenda devia ser devolvida em forma de jardín na cobertura do edificio, convertendo-se ese espaço num ámbito aproveitável para o espairecimento, além de permitir condições de isolamento térmico.
Sua arquitetura resulta ser altamente racionalista, depurada, com emprego de materiais sem dissimulá-los, sem adornos, sem elementos supérfluos e com excelente aproveitamento da luz e das perspectivas de conjunto, dando uma sensação de liberdade e facilidade de movimentos.
Hoje em dia, a obra e o pensamento de Le Corbusier seguem vigentes tanto na prática como no ensino e na teoria da arquitetura. Como uma das figuras emblemáticas da arquitetura moderna, sua evolução tem nele e em suas obras uma referência direta.
Também nesta data:
1576 – Morre o pintor Tiziano Vecelli
1831 – Físico Michael Faraday descobre a indução eletromagnética
1859 – Perfurado o primeiro poço de petróleo nos EUA
1883 – Erupção vulcânica explode ilha de Krakatoa