Kitagawa Utamaro, pintor de estampas japonês, morreu em 20 de setembro de 1806 em Edo, Japão. Considerado o mais notável dos artistas das pinturas chamadas ‘ukiyo-e’ que dominou a arte japonesa dos séculos 17 a 19, foi conhecido também por suas magistrais posições de mulheres, conhecidas como ‘bijinga’. Desenvolveu ainda estudos da natureza, em particular livros ilustrados de insetos.
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A obra de Utamaro chegou à Europa em meados do século 19, onde colheu enorme sucesso. Influenciou em especial os impressionistas por seu enquadramento audacioso, pelo uso de olhares parciais, com ênfase na luz e sombra e pelo grafismo de suas estampas. Era então conhecido simplesmente pelo nome de Utamaru.
[Utamaro se considerava um retratista fiel, capaz de transmitir a psicologia profunda de seus personagens]
Esse grande mestre da estampa é uma das melhores testemunhas do longo período de estabilidade vivido pelo Japão designado pelos historiadores como ‘Período de Edo’. Vivia como os seus colegas artistas e amigos perto do ‘’bairro dos prazeres’ de Yoshiwara, em Edo (hoje Tóquio). Os burgueses compravam dele lembranças dos bons momentos passados ao lado das cortesãs. Era um “mundo que flutuava” em que o tempo transcorria sem que parecesse.
É valorizado sobretudo pelo tipo de estampas mais características do estilo ‘ukiyo-e’: as que representam cenas de teatro, atores e prostitutas do famoso Yoshiwara, o bairro do prazer de Tóquio. Suas belezas femininas, quase sempre de meio busto, são, em particular, as que imortalizaram seu nome. Não se trata de retratos realistas e sim de representações idealizadas, imateriais, executados com cores planas e com um desenho bastante expressivo.
Estas obras deram margem a biografias romantizadas de sua figura, segundo as quais Utamaro foi um ‘bon vivant’ que frequentou insistentemente os mesmos bairros e lugares que aparecem em suas criações artísticas.
Em 1804, no auge do sucesso, realizou algumas pinturas que representavam a esposa e as concubinas do ditador militar Toyotomi Hideyoshi, as quais foram consideradas insultuosas à dignidade do chefe militar e julgadas como sediciosas pelo ‘shogunato’ Tokugawa. Foi condenado e levado à prisão, onde permaneceu algemado em todos os 50 dias de seu cativeiro. A experiência o marcou emocionalmente, tendo terminado a carreira como artista.
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As obras de Utamaro exerceram forte influência em outros pintores japoneses do estilo ‘ukiyo-e’ como Ando Hiroshige e quando chegaram à Europa em fins do século 19 provocaram uma pequena revolução nas artes plásticas. Os impressionistas foram os primeiros a admirá-las e mais tarde se inspiraram nelas os primeiros vanguardistas do século 20. Entre os melhores trabalhos de Kitagawa Utamaru se encontra o álbum intitulado “Doze Vistas de Fisionomias de Belas Mulheres” (1803).
Utamaro se considerava um retratista fiel, capaz de transmitir a psicologia profunda de seus personagens. Exercício difícil, pois se inscrevia na série de convenções da estampa japonesa: olhos representados por uma fina abertura, boca reduzida a sua mais simples expressão, ausência de qualquer gradação exprimindo o modelado do rosto.
Utamaro soube restituir, a despeito de todas essas convenções, retratos que permitem atribuir personalidade aos seus modelos preferidos, como Naniwaya Okita ou Takashima Ohisa em “Três Belezas de Nosso Tempo”.
Em 1912, no catálogo da exposição que teve lugar em Paris de cerca de 300 obras de Utamaro, o crítico de arte Raymond Koechlin rendeu homenagem ao talento de retratista do artista japonês: “Utamaro deu a cada rosto uma expressão pessoal. Os olhos podem estar desenhados de modo esquemático; a inclinação varia de uma cabeça a outra e lhes dá uma visão diferente; as bocas não se abrem de moto totalmente parecidas; os narizes não retos, aquilinos ou pontudos e sobretudo o oval do rosto confere ao retrato a sua característica central”.
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