Em 21 de setembro de 454, Flavius Aetius, o vencedor de Átila, morre assassinado pelo imperador Valentiniano III. O crime ocorreu durante uma reunião ministerial em Ravena. O general Aécio era o comandante-em-chefe do exército romano e último baluarte às invasões bárbaras. O diário de um nobre, amigo do morto, assim descreveu o crime:
“ Hoje recebi a terrível notícia de seu assassinato cometido traiçoeiramente pelo imperador Valentiniano, 4 meses após a morte de Plácida e 11 meses depois da morte de Átila. É tão absurdo que mal posso acreditar. Porém, amigos próximos já me tinham advertido dos perigos que cercavam Aécio na corte imperial.
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A morte de Aécio deixou Roma indefesa; Um ano depois, Genserico a invadiu e saqueou
De acordo com o relato enviado pelo general Clavinus, comandante legionário na Gália, Aécio participava de uma reunião ministerial no palácio e havia terminado seu relatório sobre a situação militar do império. O imperador felicitou-o pelo excelente trabalho, levantou-se e o abraçou sorridente sob os aplausos dos presentes.
Aécio estava desarmado, em trajes senatoriais e quando o falso abraço terminou, virou-se para agradecer os aplausos recebidos. Aproveitando a oportunidade, Valentiniano sacou de um punhal e golpeou-o pelas costas diante dos olhos aterrorizados dos demais. Atingido no coração, Aécio morreu sem saber do que se passava.”
Aquele que os historiadores iriam qualificar de “O último dos Romanos” por suas qualidades morais nasceu em 395 em Dorostolus na Mésia (atual Bulgária). Jovem, foi entregue como refém ao visigodo Alarico em Toulouse, depois aos hunos nos Bálcãs o que lhe permitiu ser um grande conhecedor dos povos bárbaros. Lá iria conhecer Átila. Adulto, é nomeado general em chefe da Gália, depois chefe da milícia (magister militum) e por fim vice-imperador.
Num império afetado por crises gravíssimas, Aécio iria realizar proezas: reconstitui as legiões, contém os visigodos, esmaga os francos ripuários sobre o rio Reno com a ajuda dos hunos, bate os francos salienos sobre o rio Somme, faz recuar os burgúndios até a Renânia com a ajuda dos hunos, domina os alanos, afasta os bagúndios e finalmente força Átila a dar meia volta na Batalha dos Campos Catalúnicos, perto de Troyes.
Foi nomeado em 432 por Placídia tutor do imperador e professor de equitação. Com a morte de seu rival Belisário, conde da África, converteu-se no personagem mais poderoso do império. Em 433 recebeu o título de patrício e ascendeu ao comando do exército do Império do Ocidente. Destarte até a morte de Gala Placídia se converteu no verdadeiro chefe de Estado do Império do Ocidente. Teve de acudir duas vezes em socorro da cidade de Arles que se encontrava sitiada pelos visigodos.
Pois em prática uma política de aliança com os povos germanos, o que freou a decadência do império. Tratava de evitar que os reinos bárbaros se unissem e mantivessem boas relações com Ravena. Permitiu que os hunos se estabelecessem em Panônia. Concedeu a soberania da África, o território da Mauritânia e parte da Numídia aos vândalos em 435. A paz com os vândalos se rompeu em 439 quando ocuparam a cidade de Cartago e no ano seguinte se assenhorearam da Sicília. Enquanto se encontrava acampado nas cercanias do rio Reno, recebeu uma embaixada de povos da Galícia que lhe pediram proteção contra os suecos.
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Em 439 conseguiu deter o avanço visigodo na Gália. Aecio regressou à Itália em 440, pouco depois de estabelecer com os burgúndios um novo pacto que lhes permitia estabelecer-se na Savoia. Rompe sua aliança com os hunos e se une a Teodósio I, rei dos visigodos, que recebe parte da província de Novem Populi. Aecio ordenou em 442 às tropas romanas que abandonassem a província da Britânia, a qual não pôde defender quando os saxões invadiram a província em 446, com o que se pôs fim à dominação romana na ilha.
Após a morte de Gala Placídia, o imperador Valentiniano considerou que a gestão de Aecio havia sido má. Acusava-o de não ter querido destruir nenhuma população bárbara e de ter tido uma atitude defensiva. Não evitou que os hunos invadissem a Itália em 453, porém com um reduzido número de tropas conseguiu que Átila não destroçasse o norte da Itália.
Esse herói pagão tornou-se perigoso para o imperador e os cristãos. Então, um complô é organizado e aquele que “tantas vezes salvou o império, tantas vezes consolidou o trono de seu rei” (Le Cid, Corneille) morreria apunhalado por Valentiniano III, que desse modo iria precipitar o fim do Império Romano do Ocidente.