Em 10 de outubro de 1944, em Moscou, o primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, e o líder soviético Joseph Stalin, selam, numa reunião “tete-a-tete” a sorte dos países balcânicos após a queda do III Reich alemão.
Seus ministros das Relações Exteriores, Anthony Eden e Viatcheslav Molotov já tinham aventado o tema quando da assinatura do Tratado Anglo-Soviético em Londres em 26 de maio de 1942, embora a Segunda Guerra Mundial estivesse em pleno curso sem que à altura se soubesse para que lado penderia a vitória.
Inspirado em razões estratégicas e, agora, diante do avanço avassalador do Exército Vermelho, o premiê britânico acreditou ser possível um ajuste com o chefe de Estado da União Soviética sobre a divisão de influências naquela sensível região da Europa Central, os Bálcãs.
O objetivo central de Churchill era manter a Grécia dentro da esfera ocidental, a despeito da influência substancial que lá adquiria o Partido Comunista.
Paola Orlovas
Winston Churchill e Joseph Stalin, selam, em uma reunião ‘tete-a-tete’ a sorte dos países balcânicos após a queda do III Reich alemão
Jornalistas presentes ao encontro conseguiram recuperar, após o encerramento da reunião, um papel em que estava rabiscado em inglês:
1) Romênia: Rússia 90%, outros 10%;
2) Grécia : Grã Bretanha (em acordo com os Estados Unidos) 90%, Rússia 10%;
3) Iugoslávia : 50/50%,
4) Hungria : 50/50%,
6) Bulgária: Rússia 75%, outros 25%.
No dia seguinte, Eden e Molotov, ministros de negócios estrangeiros britânico e soviético, afinaram as porcentagens. Contudo, a evolução das relações de força sobre os campos de batalha iriam tornar ultrapassado o “acordo das porcentagens”.
Em 3 de dezembro de 1944, o Partido Comunista Grego (EAM-ELAS) tenta tomar Atenas. Um corpo expedicionário britânico intervém. É o começo de uma atroz guerra civil que levou a um grande número de mortos. É estabelecido o cessar-fogo em 14 de janeiro de 1945. Desassistidos pela União Soviética, os comunistas são esmagados. A vitória recai sobre os partidos pró-ocidentais.
Na Iugoslávia, ao contrário, coube ao comunista Josip Broz Tito, chefe dos ‘partizans’ – a principal força combatente contra o invasor nazista, reter em suas mãos plenos poderes.
A Hungria e a Romênia, libertadas do jugo nazista pelo Exército Vermelho, iriam compor o bloco socialista da Europa Oriental, sob a hegemonia soviética.
Quando se inaugurou a Conferência de Yalta em 4 de fevereiro de 1945, pouco antes da capitulação do III Reich alemão, Stalin já ocupava a Europa Central e boa parte da própria Alemanha.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.