Famintos e esgotados pela guerra, os russos organizam greves gerais e manifestações em todas as grandes cidades do país. Em Petrogrado, a capital, os operários reclamam em 8 de março de 1917 a formação de um novo governo. Seu slogan: “Abaixo a autocracia”. O movimento desembocaria na abdicação do czar Nicolau II. A Rússia vivia sua primeira revolução, chamada “Revolução de Fevereiro”, visto que, segundo o calendário ortodoxo, ela de desenrolou no mês de fevereiro e não em março.
Uma semana mais tarde, séculos de governos autocráticos czaristas na Rússia terminam com a abdicação do czar Nicolau II e a Rússia dá um dramático passo em direção a uma próxima revolução bolchevique.
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Nicolau na prisão em Tsarskoye Selo, em uma de suas últimas fotos
Por volta de 1917, a maioria dos russos havia perdido sua fé na capacidade de liderança do regime czarista. A corrupção no governo era desenfreada e galopante, a economia permanecia atrasada e o czar repetidamente dissolvia a Duma, o parlamento russo estabelecido após a Revolução de 1905, quando ele afrontava os seus desejos. Contudo, a causa imediata da Revolução de Fevereiro – a primeira fase da Revolução Russa de 1917 – foi o desastroso envolvimento da Rússia na Primeira Guerra Mundial.
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Militarmente, a Rússia imperial não era páreo para a industrializada Alemanha e as baixas russas eram maiores do que aquelas sofridas por qualquer nação em qualquer guerra anterior. Entretanto, a economia se desbaratava irremediavelmente devido ao alto custo do esforço de guerra. Setores moderados juntaram-se, então, aos setores mais radicais apelando para a derrubada do czar.
Em 8 de março de 1917, manifestantes clamando por pão tomaram as ruas da capital russa de Petrogrado, hoje conhecida como São Petersburgo. Suportados por 90 mil homens e mulheres em greve, os manifestantes enfrentaram a repressão policial e recusaram-se a deixar as ruas.
Em 10 de março, a greve já se estendia a todos os trabalhadores de Petrogrado e massas iradas de trabalhadores destruíam os postos policiais. Diversas fábricas elegeram seus operários como deputados ao Soviet de Petrogrado ou Conselho de Comitês de Trabalhadores, seguindo o modelo concebido durante a Revolução de 1905.
Em 11 de março, as tropas da guarnição do exército em Petrogrado foram convocadas para sufocar a revolta. Em alguns encontros, os regimentos abriram fogo matando dezenas de manifestantes.
No entanto, os revoltosos mantiveram-se firmes nas ruas e as tropas começaram a vacilar. Nesse dia, novamente, o czar Nicolau dissolveu a Duma. Em 12 de março, a revolução triunfa quando regimento após regimento da guarnição de Petrogrado depõe as armas e se passam para o lado dos revolucionários. Os soldados, cerca de 150 mil, formaram em seguida comitês que elegeram representantes ao Soviet de Petrogrado.
O governo imperial foi obrigado a renunciar e a Duma formou um governo provisório, chefiado por Georgy Lvov, que competia pacificamente com o Soviet de Petrogrado pelo controle da revolução.
Em 14 de março, o Soviet de Petrogrado expedia a “Ordem nº 1” que instruía os soldados e marinheiros a obedecer apenas às ordens que não conflitassem com as diretivas do Soviet. No dia seguinte, 15 de março, o czar Nicolau II abdicava ao trono em favor de seu irmão Miguel, cuja recusa em assumir a coroa levou ao fim da autocracia czarista.
O novo governo provisório, tolerado pelo Soviet de Petrogrado, esperava resgatar o esforço de guerra enquanto terminava com a escassez de alimentos e muitas outras mazelas domésticas.
Em 21 de julho, assume o comando do governo provisório Alexander Kerensky. Ele teria de enfrentar tarefas de enormes proporções. Entrementes, Vladimir Lenin, líder do partido revolucionário bolchevique, deixava seu exílio na Suíça e cruzava as linhas inimigas alemãs, retornando à Rússia para assumir o controle da Revolução Russa.
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