Lançado pelo renomado cientista Frederic Joliot-Curie e pelo Movimento Mundial pela Paz em 18 de março de 1950, o “Apelo de Estocolmo” contra a bomba atômica recolheu cerca de 150 milhões de assinaturas só na Europa.
O texto estipulava: “Nós exigimos a interdição imediata da arma atômica, arma de terror e de exterminação das populações. […] Nós consideramos que o governo que primeiro utilizar a arma atômica, não importa contra qual país, cometerá um crime contra a humanidade e será tratado como um criminoso de guerra. Nós apelamos a todos os homens de boa vontade em todo o mundo a assinar este apelo”
O “Apelo de Estocolmo” seria assinado por cerca de 300 milhões de pessoas em todo o planeta.
Jean Frederic Joliot foi casado com Irene Curie, filha dos célebres cientistas descobridores do radium e da radioatividade, Pierre e Marie Curie. Acoplou Curie ao seu nome, como homenagem aos ilustres cientistas. Trabalhou toda a sua vida com sua mulher no campo da física nuclear e da estrutura do átomo.
Juntos, demonstraram a existência do nêutron e descobriram a radioatividade artificial em 1934, o que lhes valeu o Nobel de Química de 1935. 11 anos mais tarde, foi nomeado alto comissário para a energia atômica, e através deste cargo dirigiu a construção da primeira usina nuclear.
Pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial, vozes se levantaram em numerosos países proclamando a necessidade de criar um movimento mundial para impedir novos ataques como os de Hiroshima e Nagasaki. A ideia de um encontro de intelectuais pela paz foi manifestada por um grupo de intelectuais franceses aos quais se juntaram intelectuais soviéticos, poloneses e de vários outros países.
Decidiu-se pela convocação de um congresso dos defensores da paz na cidade de Wroclaw, na Polônia. Era necessário simbolizar que a humanidade ainda não estava livre do pesadelo da guerra. Assim, no final de agosto de 1948, o congresso se realizou, com a participação de mais de 400 personalidades provenientes de 46 países.
Do Congresso de Wroclaw, resultou a criação de um Comitê de enlace, que manteve articulada a rede mundial de amigos da paz.
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A ideia de um Congresso dos Intelectuais pela Paz foi acolhida com entusiasmo em toda a parte aonde chegou. A iniciativa contou com adesões de numerosas personalidades da época: Frederic e Irene Joliot-Curie, Pablo Picasso, Ilia Ehrenburg, Martin Andersen-Nexô, sir John Boyd-Orr, Andrei Fadeev, Julien Benda, Eugenie Cotton, Anna Seghers e numerosos outras, entre as quais se encontravam diversos eminentes representantes da cultura, da arte e da ciência.
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Congresso dos Intelectuais pela Paz foi acolhida com entusiasmo em toda a parte aonde chegou
Diante do sucesso da iniciativa e do aprofundamento dos riscos à paz, reunia-se em Paris, em fevereiro de 1949, o Comitê de enlace dos Intelectuais pela Paz. A reunião decide convocar imediatamente um novo e ainda mais grandioso e representativo Congresso Mundial pela Paz, para dali a poucas semanas, na capital francesa.
O Congresso foi convocado na forma de um apelo às organizações e personalidades democráticas de todo o mundo, apelando pela convocação de um Congresso Mundial dos Partidários da Paz. Este apelo, lançado conjuntamente pelo Comitê Internacional dos Intelectuais pela Paz e pela Federação Democrática Internacional de Mulheres, foi traduzido para oito idiomas e correu o mundo.
Numa certa manhã de março, um cartaz apareceu nos muros de Paris. Anunciava a data e o lugar do Congresso Mundial da Paz e exibia como emblema uma pomba, que se tornou célebre e até hoje simboliza o Movimento pela Paz no mundo. Era a pomba de Pablo Picasso.
Alguns dias mais tarde, o cartaz aparecia simultaneamente em Varsóvia e no Rio de Janeiro, em Tóquio e em Londres, Roma ou Buenos Aires, cartazes com a pomba da Paz de Picasso estavam afixados nos muros. Em pouco tempo, reproduzida amplamente, a pomba tornou-se o símbolo universal das forças da paz.
Antes da abertura do Congresso Mundial da Paz, foram contabilizadas as adesões: 18 associações internacionais, mais de mil organizações nacionais de todas as naturezas, mais de 10 mil organizações provinciais ou regionais. Entre as intermináveis listas de aderentes individuais, destacam-se os nomes de mais de 3.000 personalidades mundiais conhecidas.
Outros fatos marcantes da data:
18/03/1871: Forma-se a Comuna de Paris
18/03/1962: É assinada a trégua entre França e Argélia após 7 anos de combates
18/03/1911: Irving Berlin registra “Alexander’s Ragtime Band”, a música mais popular do começo do século
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.