François-Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, cujos escritos satíricos faziam chacota da vida íntima de Felipe d’Orleans, é enviado aos 23 anos à Bastilha em 16 de maio de 1717, por ultraje ao príncipe-regente. Ali permaneceria por 11 meses, quando escreveu a peça teatral Oedipus e adotou o pseudônimo de Voltaire, um anagrama de seu nome Arouet LJ (Le Jeune – o jovem). O U e o V, o J e o I se confundiam na época.
A sombra de Voltaire plana sobre o século XVIII. Filósofo, dramaturgo, poeta, historiador, polemista sem par, ele encarnava o “espírito francês’ dessa época. Seu talento de escritor lhe permitia percorrer quase todos os gêneros literários. Humanista convicto, lutou em defesa dos direitos do homem e contra o fanatismo religioso. Quando jovem, se matriculou no colégio dos Jesuítas Louis-le-Grand, mostrando ser um aluno brilhante em retórica e filosofia. Voltou-se rapidamente a uma carreira literária contra a vontade de seu pai.
Em 1726, é novamente enviado à Bastilha após uma altercação com o Cavaleiro de Rohan. É libertado com a promessa de se exilar na Inglaterra. Lá, toma conhecimento das teorias de Isaac Newton e a filosofia de John Locke, que o influenciariam consideravelmente. O francês fica marcado pela ampla liberdade de opinião de que gozavam os ingleses. Fez votos de tudo fazer para reformar a sociedade francesa.
De retorno a Paris, em 1729, encena suas duas tragédias Brutus (1730) e Zaire (1732), que obtêm grande êxito. Aos 40 anos, Voltaire conquista um enorme prestígio e acumula fortuna graças a amizade com banqueiros que o ensinam a investir e especular. Esta assistência financeira lhe permitia deixar a França de um dia a outro, caso seus escritos fossem condenados.
Em 1734 é obrigado a deixar Paris logo depois da publicação, sem autorização da censura, das “Cartas Filosóficas”. Esta sátira dos modos e das instituições francesas provocou escândalo. Refugiou-se em Lorena na casa da marquesa de Châtelet. Sua relação durou 15 anos. Ao longo de sua vida, devido à censura, Voltaire publicou dezenas de textos anonimamente.
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Em 1726, é novamente enviado à Bastilha após uma altercação com o Cavaleiro de Rohan
Voltaire concorre a um prêmio da Academia de Ciências e em 1738 se dedica a vulgarizar os “Elementos da Filosofia” de Newton. Ele, que queria entrar na Academia Francesa de Letras, é eleito imortal em 1746. As intrigas da corte lhe inspiram “Memnon, história oriental” (1747). Contudo, sua ironia mordaz e sua imprudência o fazem cair em desgraça.
Leia mais:
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1752 – França censura publicação da “Enciclopédia”
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1804 – Entra em vigor o Código Civil Napoleônico
Em 1750, Voltaire viaja a Berlim e lá permaneceu por três anos, recebendo uma pensão do rei Frederico II. As ceias entre o rei e o filósofo se tornaram célebres. Uma querela com Maupertuis, presidente da Academia de Berlim, o obriga a deixar a corte e se instalar na Suíça com sua amante, Madame Denis. Tinha então 60 anos. Por sua vasta correspondência – mais de 6 mil cartas – continuou a manter relações com numerosas personalidades da França e da Europa. Teve também vários inimigos como Jean-Jacques Rousseau. Em 1759, conclui uma de suas obras-primas, “Cândido ou o Otimista”.
Os combates contra toda restrição à liberdade individual lhe conferem uma imensa popularidade. É dele a frase que atravessa os séculos: “Não concordo sequer com uma palavra que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo”.
Voltaire morre em 30 de maio de 1778 em Paris. O vigário de Saint Sulpice recusa-se a inumá-lo e o corpo de Voltaire é levado ao túmulo na Abadia de Scellières, perto de Troyes. Suas cinzas foram transferidas para o Panthéon em 11 de julho de 1791, após uma grande cerimônia sem a participação do clero.
Outros fatos marcantes da data:
16/05/1703 – Fundação de São Petersburgo
16/05/1929 – Academia entrega os primeiros Oscars
16/05/1960 – Fracassa a cúpula Eisenhower – Kruchev
16/05/1770 – Maria Antonieta, 14, casa-se com o delfim Luis, 16, futuro rei Luis XVI
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.